quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Um Presidente sem dimensão e a actualidade do parlamentarismo

Primeiro foi a direita com o sonho de "uma maioria, um governo e um presidente". Depois a esquerda com a ilusão de que em Portugal havia uma "maioria sociológica de esquerda" que faria sempre seu o Presidente da República. Mas "volto à casa de partida" e pergunto por isso mesmo: são apenas os eleitores de Cavaco Silva os responsáveis por Portugal ter hoje como Presidente da República alguém sem dimensão pessoal, política e institucional para o cargo que ocupa? Peço desculpa, mas não me parece. Responsáveis são todos aqueles que insistem na eleição por sufrágio universal de um orgão unipessoal, sem qualquer controle democrático e com todos os perigos que tal representa, e na manutenção do actual regime semi-presidencialista, fonte de instabilidade política (como se verificou quando dos governos de José Sócrates) ou que se limita, na sua acção, a uma colagem tautológica sem quaisquer virtualidades ao governo em funções quando este é da sua simpatia política.  Alguém terá portanto de me explicar, muito bem explicadinho, o que o país, 40 anos depois do 25 de Abril e tendo atingido a sua maioridade democrática,  perderia com a adopção de um regime parlamentar semelhante ao das democracias europeias mais maduras. Ou será que os portugueses, passando um atestado de menoridade a si próprios, se sentem sempre orfãos sem um qualquer "pai da pátria", mesmo quando este é padrasto?

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