quarta-feira, abril 30, 2014

4ªs feiras, 18.15h (77) - "Cinema Militante" (VII)

"Jud Süss", de Veit Harlan (1940) - Ver Wikipedia
Filme completo c/ legendas em castelhano

O "tiki taka" e a sua "zona de conforto"

O chamado "tiki taka" parece exercer uma tal sedução, um tal fascínio, que mesmo gente inteligente e conhecedora de futebol (são poucos aqui no "rectângulo", mas existem) parece deixar-se hipnotizar por ele, perdendo capacidade de raciocínio e rigor nas suas análises. Ontem, Carlos Daniel, talvez o comentador mais inteligente e dos poucos que perco (ou ganho) tempo a ouvir, dizia que o problema do Bayern perante o Real Madrid não foi a adopção o "tiki taka" como seu modelo de jogo, mas sim o ter ficado a meio-caminho em virtude das críticas de que Pep Guardiola tem sido alvo. Estou mais ou menos de acordo quanto ao meio-caminho (digamos que ficou a 2/3), mas Carlos Daniel devia interrogar-se um pouco mais e pensar se isso se deve às tais críticas ou ao facto de o "tiki taka", na sua plenitude, ter dificuldade em impor-se fora da sua "zona de conforto", isto é, fora de um Barça onde Xavi, Iniesta e Messi não só sempre jogaram desse modo como parecem ter já nascido a jogar assim.

Internamente, a coisa até funciona e chegará talvez para vencer sem grandes dificuldades algumas equipas medianas da Champions League. Mas quando o Bayern está na presença de outros "colossos" o caso muda de figura. Querer que jogadores como Robben, Ribéry, Schweinsteiger ou Mandzukic (para só citar alguns) joguem num modelo em que nunca jogaram e para o qual parecem não ter sido talhados, dá no que deu: "numa coisa em forma de assim", ou seja, numa grande área contrária que parecia ser terreno minado, onde era perigoso entrar, e numa equipa defensivamente desequilibrada, sem capacidade para fazer aquilo que era um dos grandes trunfos do Barça de Pep: jogando num bloco subido e com os jogadores e linhas muitos juntos, ganhar bolas no meio-campo adversário, desequilibrando-o defensivamente e impedindo-o de sair a jogar. Sem isso, foi o que se viu e apesar de ter sido inofensivo a atacar foi mais no descalabro defensivo que o Bayern perdeu o jogo.

Jorge Coelho: "back in business"

O que apetece perguntar sobre este regresso à ribalta política de alguém que representa o que de pior existe em alguns partidos políticos e é, em certa medida, responsável pelo afastamento entre eleitores e eleitos, seja, o "aparelhismo" e a promiscuidade entre o interesse público e os interesses privados, o que apetece perguntar - dizia - é que significado pode ter este seu regresso pela mão de Seguro e quais as vantagens ou benefícios ele pode trazer à vida política - no geral - e aos resultados que o Partido Socialista pretende obter em próximas eleições - em particular. Mas Jorge Coelho e o seu estilo "bulldozer" parecem transportar consigo um certo "estado de graça" (ou de "engraçadismo") que nenhum jornalista parece muito interessado em questionar.

Bob Hoskins (1942 - 2014)

Bob Hoskins in Dennis Potter's "Pennies From Heaven" (BBC 1978) - "Without That Certain Thing"

terça-feira, abril 29, 2014

Big Maybelle - The Okeh sessions (3)

"So Good To My Baby" (10-08-1952)

A UEFA e Enzo Perez: os pontos nos ii

Desde que o sorteio ditou umas meia-finais SLB - Juventus, na Liga Europa, se sabia, dada a personalidade de Michel Platini e as suas ligações à equipa italiana, iríamos ter nos dois jogos árbitros "habilidosos", um pouco ao mau estilo in dubio pro "Juve". Não estou com isto a afirmar que nos arriscávamos a ter arbitragens "encomendadas", mas apenas que a vontade de "agradar ao chefe" poderia ser demasiado forte no momento das decisões. E o SLB sabia isso muito bem, pelo que devia ter tomado todas as precauções e alertado os seus jogadores em conformidade, evitando tanto quanto possível situações em que se pusesse "a jeito". De qualquer modo, se na dúvida Cüneit Çakir decidiu sempre a favor da Juventus, inclusivamente num lance para grande penalidade embora se possa dizer que Enzo Perez também "se fez" ao contacto, o que poderá ter induzido o árbitro em erro, ele e a sua equipa não terão, para bem do meu clube, visto a "altercação" entre Enzo e Chiellini, o que, a ter acontecido, poderia ter deixado desde logo o SLB a jogar em inferioridade numérica e sem poder contar com o jogador por, no mínimo, mais um jogo.

Tendo dito isto, devo também dizer que me restam poucas dúvidas sobre de onde terá partido a ideia da Juventus apresentar agora queixa do lance, e ainda menos dúvidas sobre qual será a decisão do Comité de Disciplina da UEFA, para quem o "fair play" é muitas vezes apenas quando e para quem convém. Mas também devo dizer, em abono da verdade e face àquilo que seria de esperar desde o sorteio, mas também em função do acontecido no tal lance da 1ª mão,  que o meu clube se deve queixar, em primeiro lugar e fundamentalmente, de si próprio, isto é, de se ter "posto a jeito" na tal acção do jogador argentino, acabando na altura por ter a sorte do seu lado. Espero, com pouca esperança, por um "milagre" que possibilite Enzo Perez possa jogar, mas, qualquer que seja a decisão e em função do que acima escrevo, ficam desde já a saber não poderão contar comigo para engrossar o coro dos Calimeros. Com Enzo ou sem Enzo, resta-nos pois uma única acção consequente: eliminar a Juventus e estar assim na final.

domingo, abril 27, 2014

E Seguro insiste...

E António José Seguro insiste, e assim os resultados dificilmente poderão ser diferentes.  Mais parece uma criança a reclamar lhe roubaram a "boa ideia" e a queixar-se de que "aquele menino é mentiroso". Desastroso não é só o país ter este primeiro-ministro e este governo em tempos tão difíceis; é ter também este líder da oposição.

Matiné de Domingo (63)

"The Jazz Singer", de Alan Crosland - 1927 - (primeiro filme sonoro da história do cinema)
Filme completo c/ legendas em português

Onde me apetece citar Marx a propósito do Portugal actual

Em qualquer sociedade democrática - diz-nos a História -, quando perante uma situação de crise, a tendência é para restringir, amputar ou anular a democracia. No Portugal do século XIX, tal como aconteceu no reinado de D. Carlos I, fechava-se o parlamento e, por um período determinado de tempo, governava-se "em ditadura", isto é, através de decretos governamentais, mantendo-se no essencial as liberdades, nos limites aceitáveis para a época, e a existência de partidos políticos. Já no século XX, para além do golpe militar de Maio, onde, no seu início e antes de uma clarificação de forças entre as facções aderentes, ainda não era claro se estaríamos perante mais uma tentativa de governar em ditadura durante um relativamente curto período de tempo ou, como veio depois a verificar-se, algo mais vasto e radical, tivemos o presidencialismo "sidonista" e o seu "bonapartismo" (que mais tarde Spínola tentará reencarnar) tão bem expresso na frase grandiloquente, verdadeira ou falsa, que ficou como seu epitáfio: "fico bem, salvem a pátria". Adiante...

Nos últimos tempos, em Portugal essa tendência para mitigar a democracia têm-se manifestado fundamentalmente através daquilo que poderíamos chamar de apelo a um consenso que de tenha como denominador comum, com pequenas "nuances", a política de "empobrecimento", e que se expressa no "conceito Ford T", isto é, pode escolher qualquer cor desde que seja preto". Agora, Rui Vilar, que não é apenas um tecnocrata mas também um político experiente, vem ressuscitar a "velha e relha" presidencialização do regime, que nos últimos tempos parecia adormecida ou pelo menos colocada em "banho-maria", o que nas circunstâncias actuais significaria sempre uma maior "musculação" do regime e traduzir-se-ia em alguma castração democrática, fosse por via da tentativa de eleição um presidente comum ao chamado "arco da governação", quer, o que não estaria totalmente excluído, a eleição de uma qualquer personalidade populista anti-partidos, reivindicando-se dos "valores morais",  ou, em alternativa, embora mais remotamente, de alguém que encarnasse os "verdadeiros valores de Abril". 

Sejamos claros: na impossibilidade, nos tempos actuais e com o caldo de cultura" existente, de caminharmos para a parlamentarização do regime, melhor para a democracia que se deixem as coisas como estão. É que, em função da História de Portugal dos dois últimos séculos e perante estas tentativas e sugestões vindas de quem verdadeiramente não se identifica com a democracia liberal e representativa, apetece-me mesmo citar Marx e o seu "O 18 de Brumário de Luís Bonaparte": "a História repete-se, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa".

sexta-feira, abril 25, 2014

Friday midnight movie (86) - Gothic/Horror (XXII)

"Tales From The Crypt", de Freddie Francis (1972)
Filme completo c/ legendas em castelhano

3 notas sobre o SLB - "Juve"

  1. Confesso não percebi muito bem - e disse-o antes do jogo aos meus vizinhos de lugar - aquela ideia de Cardozo jogar de início. Para jogar directo e evitar assim a força do meio-campo da "Juve"? Enfim, acho já não me lembro da última vez em que Cardozo ganhou um lance de cabeça por via do jogo diecto. Fixar os centrais contrários, evitando saíssem a jogar? Bom, mas quem sai normalmente a jogar é Pirlo, e para esse estava lá Rodrigo. Além disso, a mobilidade de Lima criaria por certo maiores dores de cabeça aos três centrais da "Juve", baralhando-lhes as marcações e requerendo mais atenção. Jogando Llorente, para ajudar nas bolas altas defensivas? Mas Llorente não jogou (uma hora antes do jogo já se sabia) e a "Juve" não deve ter feito um cruzamento em todo o jogo, privilegiando os passes de primeira para as costas da defesa do SLB. Rodar jogadores? Para isso tem o jogo do próximo domingo, no Porto, para a Taça da Liga. Enfim, o que parece é que Jorge Jesus ainda não perdeu definitivamente o gosto pelas "invenções" e continua - faça-se justiça que cada vez menos - a ter, aqui e ali, alguma propensão para o disparate. Já agora: espero aproveite mesmo o jogo do Porto para rodar a equipa e não se arme em fanfarrão, ao estilo "quero ganhar tudo,  não o fazendo.
  2. Depois de passada a euforia do golo contra o FCP, André Gomes voltou aos seus defeitos habituais: é pouco agressivo, falta intensidade ao seu jogo e executa com lentidão, talvez porque também assim pensa as suas jogadas. Contra uma equipa pressionante em todo o campo, como o é a "Juve", foi um perigo público. É uma pena, porque tem boa técnica e visão de jogo.
  3. Andrea Pirlo pode ser muito perigoso nas bolas paradas (e é perigosíssimo) e saber colocar a bola onde quer, mas aos 34 anos parece um daqueles antigos números dez que jogavam de "cadeirinha". Se fosse no andebol entraria para marcar os livres de sete metros...

quarta-feira, abril 23, 2014

4ªs feiras, 18.15h (76) - neo-realismo (4)

"Miracolo a Milano", de Vittorio de Sica (1951)
Filme completo c/ legendas em castelhano

O melhor e o pior das canções de Abril (7)

O Melhor:

Sérgio Godinho - "O Meu Compadre"

O Pior:

José Jorge Letria - "Tango dos Pequenos Burgueses"

A propósito das "transições" ibéricas

Se a guerra e os interesses coloniais dos grupos económicos de então, que, convém recordar, não se constituíam num grupo homogéneo nesses seus interesses e objectivos, são os elementos essenciais que impedem em Portugal uma transição "à espanhola" e acabam por trazer as forças armadas para a rua (não poderia existir democracia sem o fim da guerra), a questão não se esgota aí e podemos considerar pelo menos mais duas causas determinantes para o modo diferenciado como se processaram as transições democráticas nos dois países ibéricos. Em primeiro lugar, existia na estrutura empresarial da Espanha de então, fruto da pujança adquirida com o grande desenvolvimento económico dos anos 60 e da existência desde sempre de uma "burguesia industrial" com alguma autonomia e que "piscava o olho" à Europa, uma correlação de forças mais favorável do que a existente em Portugal a um "arejamento" e a uma "abertura" política do regime, estrutura essa que foi posicionando os seus representantes nas instâncias do poder e se limitou a esperar pelo momento de maior fraqueza dos "ultras" do regime proporcionado pela morte do "caudillo". Em segundo lugar, a existência de um Chefe de Estado (o Rei) escolhido por Franco e vindo do interior do regime que, até por necessidade de sobrevivência da própria monarquia, foi capaz, com os seus mais próximos e mesmo que à custa da legitimidade de seu pai, D. Juan de Borbón, de manobrar com os vários sectores de dentro e de fora do franquismo e estabelecer-se como um certo elemento de garantia para as forças em presença, o que veio a revelar-se determinante e marca também ela uma diferença significativa face ao caso português. Talvez fosse bom que alguns dos que gostam de rescrever a História, à sua medida, pensassem um pouco sobre isto nos 40 anos do 25 de Abril.

terça-feira, abril 22, 2014

O melhor e o pior das canções de Abril (6)

O Melhor:

GAC - Grupo de Acção Cultural "Vozes na Luta" - "Coro das Maçadeiras"

O Pior:

Fernando Tordo - "Fado de Alcoentre"

André Gomes

Curiosa a colocação de André Gomes, um jogador cujos maiores defeitos são a falta de agressividade e a pouca intensidade do seu jogo, o contrário do que normalmente se pede a um jogador daquela posição, a "pivot" defensivo, nos dois últimos jogos. Jorge Jesus parece pedir-lhe seja uma espécie de Pirlo do SLB, talvez o melhor exemplo de um jogador aparentemente contra-natura para a posição, já que tal como acontece com este, André Gomes tem técnica, visão de jogo, sai bem a jogar e é bastante bom no passe longo, permitindo à equipa construir bem a partir da sua zona defensiva. Só que a "Juve" tem à frente de Pirlo dois centro-campistas como Vidal e Pogba, jogadores suficientemente agressivos e que colocam grande intensidade no seu jogo, e isso faz toda a diferença. Veremos qual a evolução de André Gomes, mas, pelo menos para já, quer-me parecer que a "coisa" apenas poderá funcionar a contento em alguns jogos caseiros, apesar das boas prestações do jogador contra o FCP e SC Olhanense. Mas lá que o assunto é curioso e não deixou de me chamar a atenção... isso é verdade.

segunda-feira, abril 21, 2014

O melhor e o pior das canções de Abril (5)

O Melhor:

José Afonso - "Maio, Maduro Maio"

O Pior:

José Barata Moura - "Vamos Brincar à Caridadezinha"

Alegre se fez triste

Alguém deveria explicar a Manuel Alegre, que até foi deputado e vice-presidente da Assembleia da República, que o 25 de Abril também se fez para que quem não gosta da data, da revolução e até da democracia possa ser eleito pelo povo e estar assim representado no parlamento, desde que respeite a Constituição, as leis da República e os fundamentos do Estado de Direito Democrático. Quanto ao resto, tem claro todo o direito de celebrar o 25 de Abril onde quiser, e em minha opinião até saúdo o faça com o povo e os capitães de Abril num lugar tão emblemático como o é o Largo do Carmo. Mas lamento que como ex-deputado, ex-vice-presidente do parlamento e referência da luta pela liberdade acabe agora por desrespeitar a Assembleia da República e por ter leitura distorcida e enviesada da democracia que, como poeta e político, tanto ajudou a fundar. 

SLB: 3 razões de fundo para um título

  1. Mesmo no futebol actual, por si só o investimento não faz de um clube muitas vezes campeão, nem consegue resultados desportivos consistentes e sustentáveis. São necessárias mais coisas: "heritage" (o conjunto de valores que constituem o património do clube), uma ideologia e filosofia vencedoras, uma "massa adepta" representativa, um modelo de negócio adequado, organização, uma política coerente de recrutamento e selecção (incluindo aqui a escolha do treinador), uma ideia de jogo compatível, etc, etc. Por fim, até uma situação geral - económica, política e social - favorável joga muitas vezes um papel determinante, como foram os casos do Vitória Futebol Clube no final dos anos 60 e início de 70 e do FCP no período pós-25 de Abril. Mas tendo dito isto, sem investimento adequado aos resultados que se pretendem atingir também não existem campeões nem esses resultados são prolongáveis no tempo.  E existindo em doses variáveis tudo o resto, convém notar que o SLB apenas conseguiu inverter a sua menorização em termos de resultados desportivos quando decidiu investir ao nível do FCP. Este é um facto incontroverso, que está na génese de tudo o resto e uma decisão que tem a sua origem nas  últimas direcções do clube presididas por Luís Filipe Vieira. Com erros, hesitações, aprendizagem no tempo, algum populismo pernicioso que parece nos últimos tempos afastado e tudo o resto, claro. Mas, goste-se mais ou menos do personagem, o seu a seu dono.
  2. O modo como a SAD do clube aprendeu a mover-se no complicado mundo dos "fundos" de jogadores e das influências dos empresários constitui também uma das razões que está na base da melhoria dos resultados desportivos do futebol profissional. Neste campo, a aproximação a Jorge Mendes (uma vez mais: goste-se ou não do personagem) e o aproveitamento da influência deste junto de grandes clubes europeus jogou um papel fundamental. Por vezes, com demonstrações de alguns excessos de poder da parte de Jorge Mendes em algumas "sobras" que teremos tido que engolir, reconheço. Mas teria sido possível diferente? Não estando "do lado de dentro", não sei. Mas parece difícil.
  3. Embora muitos benfiquistas (não é o meu caso: é assunto que não me diz nada) não gostem de ver tão poucos jogadores portugueses no plantel, devo dizer essa é uma das razões do sucesso. Porquê? Em primeiro lugar, porque o chamado "mercado interno" foi e é um terreno de domínio tradicional do FCP, onde era e continua a ser difícil ter vantagens competitivas. Em segundo lugar, porque as últimas contratações por FCP e SCP de alguns dos "jogadores revelação", portugueses ou estrangeiros, do campeonato português (Josué, Licá, Carlos Eduardo, Vítor) se têm revelado autênticos "flops" (ou perto disso). Em compensação, contratações como as de Di Maria, Witsel, Javi Garcia, Matic, Fejsa, Siqueira, Garay, Rodrigo, Gaitán, Enzo, Maxi, Luisão, Sílvio (apesar de português, é uma contratação no "exterior"), David Luiz, Ramires, Markovic, Oblak, etc, provam, apesar de alguns falhanços inevitáveis, que o clube se movimenta bem nesta área. Veremos como as coisas irão evoluir, mormente na área da formação. No entanto, um aviso: com excepção do FC Barcelona, que mesmo assim também contrata jogadores pagando milhões inatingíveis por qualquer clube português, nenhum clube europeu consegue manter-se sistematicamente no topo (ao seu nível, claro) apenas ou fundamentalmente com recurso à formação. 

quinta-feira, abril 17, 2014

O melhor e o pior das canções de Abril (4)

O Melhor:

José Mário Branco - "Eu Vim de Longe"
Nota: o tema foi editado já muito depois de Abril,  em 1982, mas nenhum outro exprime melhor os ideais, anseios, ilusões e desilusões de uma parte da geração de Abril.

O Pior:

Tonicha - "Obrigado Soldadinho"

3 notas sobre o SLB - FCP de ontem

  1. Nos anos anteriores, o FCP de Villas-Boas e, depois, de Vítor Pereira, embora mais o o do primeiro do que o do segundo, chegava ao Estádio da Luz e, com arrogância, tomava conta do jogo, "montando o seu negócio" de posse e circulação de bola no meio-campo do SLB, obrigando o jogadores contrários a correrem atrás da bola, enervando-os, e dificultando as saídas a jogar do meu clube, que, n,a maior parte das vezes, se via na necessidade de jogar directo para Cardozo. Os resultados, infelizmente para o meu "Glorioso", foram os que foram. Nada disto se viu este ano, quer na Luz quer em Alvalade, ao ponto de eu olhar para o FCP e não perceber qual a sua ideia de jogo. Parece-me, por isso mesmo, que embora o seu plantel esteja longe de ser famoso, o problema começa exactamente num modelo de jogo que ninguém muito bem entende qual seja e que acaba por chegar ao seu ponto mais baixo quando a equipa entrega a bola a um jogador "meio desmiolado" como Quaresma para que ele "resolva" o que a equipa não consegue resolver. Por vezes, Quaresma até resolve e torna-se parte da solução, mas na maior parte do tempo, individualista, sem "miolos" e jogador "por conta própria", acaba por contribuir para a descaracterização da equipa e do seu modelo de jogo tradicional, tornando-se parte do problema. Percebe-se porque não fez carreira.
  2. Querer, garra, ambição do "meu" SLB no jogo de ontem? Sim, mas só isso nunca chegaria. Principalmente duas coisas essenciais: 1. um modelo de jogo  claro e assimilado por todos, que, com ajustes, se mantém há cinco anos e torna fácil a qualquer um entrar na equipa e saber o que deve e tem de fazer e 2. uma diferença abissal de qualidade entre os melhores jogadores de um e outro plantel, o que remete para o investimento feito nos últimos anos e para a qualidade da equipa de "scouting".
  3. Jorge Jesus tem muitos defeitos e enormes qualidades. Ao longo dos anos, e perante as desilusões sofridas, as qualidades parecem finalmente querer superar os defeitos. Mas para a maioria da imprensa (ou lá o que é) desportiva o SLB parece resumir-se aos "faits-divers" de Jorge Jesus, o que diz e não diz, o "caso" Cardozo, a "história de Guimarães", a expulsão de ontem e por aí fora. Sei que o tablóidismo sensacionalista que domina o comentário futebolístico se alimenta destas coisas e das teorias da conspiração, mas, por uma vez, mesmo que aqui e ali, poderiam ver mais longe e olhar também para dentro da "quatro linhas" e para o que tem sido feito em outras áreas do clube. Ou seja, talvez fosse chegada a hora de tentarem perceber um pouco mais do jogo e do negócio que o envolve. Mas digo isto sem esperança... 

quarta-feira, abril 16, 2014

4ªs feiras, 18.15h (75) - Marlene Dietrich (I)

"Morocco", de Josef von Sternberg (1930)
Filme completo c/ legendas em português

O melhor e o pior das canções de Abril (3)

O Melhor:

José Afonso - "Os Índios da Meia-Praia"

O Pior:

José Jorge Letria - "Só de Punho Erguido"

Sobre a entrevista de Pedro Passos Coelho

É sabido que em qualquer comunicação política (e não só), mais ainda numa entrevista, normalmente com tendência para cobrir um maior número de temas e com o risco de se tornar numa espécie de "conversa de café", a grande maioria dos ouvintes/espectadores não consegue reter mais de uma ou duas (vá lá, três, para ser pouco rigoroso) imagens ou ideias-chave. Quem conhece o que é normalmente referido sobre o célebre debate Nixon/Kennedy, uma espécie de acontecimento fundador do debate político moderno, sabe que o que foi sempre tido como elemento-chave para o derrota de Nixon foi a sua imagem tensa, cansada, o suor a escorre-lhe na testa face à jovialidade e ao ar descontraído de John Kennedy. Que me lembre, nunca vi citado qualquer elemento do conteúdo político do debate como causador fundamental da derrota de Richard Nixon no debate e nas eleições que se lhe seguiram. 

Assim sendo, atribuo pouco ou nenhuma importância às habituais análises jornalísticas que se seguem a esses debates e entrevistas políticas, onde cada segundo, cada inflexão de voz, cada opinião expressa e cada palavra, são analisados até à exaustão. Já uma vez aqui o disse, seria bem mais útil e rigoroso efectuar uma sondagem "a posteriori" junto dos cidadãos indagando sobre o que tinham retido da comunicação e sobre o modo como isso tinha influenciado a sua opinião sobre o político em causa e sobre a manutenção ou mudança da sua intenção futura de voto. Claro que também seria bastante mais caro, mas susceptível de dar a entrevistadores e, principalmente, a entrevistados matéria mais do que suficiente para correcções futuras.

Tendo dito isto, que ideias-chave posso retirar da entrevista de ontem ao primeiro-ministro, valendo tal apenas como opinião pessoal e que, portanto, pode ser muito diferente da que resultaria de um inquérito estruturado efectuado por profissionais junto de uma amostra significativa de cidadãos? Essencialmente duas/três: que não existirão cortes adicionais nos ordenados e pensões, embora uma parte dos cortes já efectuados venha a tornar-se definitiva; que talvez em 2016 seja possível repor uma parte do que já foi cortado; e que não existe qualquer promessa/garantia de uma redução do IRS em 2015. Pergunta: e de que modo tal modificou a minha opinião sobre Pedro Passos Coelho e influenciou a minha decisão de voto nas próximas eleições europeias? De modo nenhum: a minha opinião sobre o actual primeiro-ministro manteve-se e o meu voto futuro não passará certamente pela actual coligação.   

terça-feira, abril 15, 2014

MRPP (1)

O governo e os "cortes" em 2014/15

Independentemente de podermos considerar (e eu considero) que é bem mais justo diminuir a despesa pública através de reorganizações e fusões dos serviços, bem como de despedimentos (qualquer que seja a denominação escolhida) de funcionários, desde que estas acções sejam baseadas na legalidade e em critérios racionais e avaliações credíveis, em vez de realizadas através de "cortes" indiscriminados, como até aqui tem sido feito, vamos assistir durante este ano e em 2015 a uma tentativa do governo para reduzir ao mínimo o universo dos atingidos pelas medidas de austeridade. Motivo? "One man, one vote", ou seja, estamos em dois anos eleitorais e o governo está longe de se estar a "lixar" para as eleições, como aliás é lógico e salutar não o esteja. Enfim, talvez isto leve alguns saudosos dos tempos da ditadura a pensar duas vezes sobre as vantagens e desvantagens da democracia.  

O melhor e o pior das canções de Abril (2)

O Melhor:

Paulo de Carvalho - "E Depois do Adeus"

O Pior:

Carlos Cavalheiro - "A Boca do Lobo"

segunda-feira, abril 14, 2014

Para quem não me segue no "Twitter"

Para quem não é meu "amigo" no Facebook ou não me segue no Twitter, um "post" do saudoso João Pinto e Castro, de Agosto de 2004, sobre a "educação de excelência" dos tempos da ditadura, tão elogiada por Durão Barroso. Também fui episodicamente aluno do Liceu Camões, pelo que posso confirmar o que diz João Pinto e Castro, se tal fosse necessário.

O melhor e o pior das canções de Abril (1)

Nota: Nesta análise que agora começa não vou dizer que tentarei abstrair-me de questões ideológica num assunto e numa época em que elas assumiram papel essencial. Tal como não posso abstrair-me também de questões da mesma natureza quando vejo filmes de Leni Riefenstahl, Costa-Gavras, Francesco Rossi, Griffith ou até a "Revolução de Maio" de António Lopes Ribeiro. Significa que tentarei efectuar as minhas selecção e classificação tendo em atenção, em primeiro lugar, a qualidade dos temas, mas não abstraindo também da sua função ideológica e eficácia política à luz do ambiente da época, independentemente da minha própria ideologia e valores políticos. Assim sendo, comecemos por aqui:

O Melhor:

GAC - Grupo de Acção Cultural "Vozes na Luta" - "A Luta dos Bairros Camarários" 

O Pior:

Ermelinda Duarte - "Somos Livres" 

A "maré benfiquista"

A "maré benfiquista" que ontem encheu o Estádio Municipal de Aveiro vem, se tal ainda fosse necessário, provar mais uma vez uma coisa: a existência, em número, entusiasmo e em conjunto com um passado glorioso, da "massa crítica" necessária para tornar o SLB um clube hegemónico no futebol português, o que significa ganhar, em média, três campeonatos em cada cinco e ser presença constante nos 1/8 de final da Champions League, com ainda algumas presenças nos 1/4 de final da mesma competição (mais do que isso só com intervenção divina). Compete à direcção do clube e à administração da SAD serem capazes de, através de uma gestão adequada e eficaz, transformar essa "massa crítica" em resultados desportivos e financeiros. É essa a sua missão.

domingo, abril 13, 2014

Matiné de Domingo (61)

"The Brave One" (aka "O Rapaz e o Touro"), de Irving Rapper (1956)
Nota: screenplay de Dalton Trumbo - Oscar para o melhor argumento original.
Filme completo c/ legendas em castelhano

sexta-feira, abril 11, 2014

Friday midnight movie (84) - Grindhouse/Slasher (XI)

"Last House On The Left", de Wes Craven (1972)
Filme completo c/ legendas em português

O SLB e a UEFA Youth League

Claro que ganhar títulos e jogos a clubes de enorme nomeada é também, nas categorias de formação, importante, motivo para regozijo e permite pensar que também a esse nível se está a investir e trabalhar bem. Mas tendo dito isto, muita atenção: como a própria designação indica, nessas categorias de formação o essencial não é ganhar títulos, mas sim formar jogadores para o futuro, para o "grande futebol" das equipas seniores profissionais. Assim sendo, e regozijando-me com os resultados alcançados pelo meu clube na UEFA Youth League, ficaria mal comigo próprio se não alertasse para esse "pormenor", esperando daqui a um par de anos começar a ver os resultados do actual investimento e das actuais vitórias na primeira equipa do "Glorioso". Sem isso...

Girls, Girls, Girls (2)

The Toys - "A Lover's Concerto" (1965)

O PSD e a Associação 25 de Abril

Se, como aqui afirmei, numa democracia representativa consolidada não faz qualquer sentido os militares de Abril, através de um qualquer seu representante, usarem da palavra na Assembleia da República, mesmo que em qualquer sessão comemorativa, também me parece que as respostas desabridas de Assunção Esteves (a segunda figura do Estado, convém lembrar) e dos dirigentes do PSD excedem tudo aquilo que o bom-senso e razoabilidade política, para já não falar na boa educação e no sentido de representação do Estado, deveriam ditar. Pior ainda, denotam desrespeito por uma data essencial na História do país e fundadora do Portugal moderno, mas também por todos aqueles que a tornaram possível. Digamos que se uns (os militares) acenderam o rastilho os outros (os dirigentes do Estado e do PSD) não deixaram de aproveitar a oportunidade para atear o fogo. Decididamente, o PSD parece  transformado num grupelho radical e provocatório, ao mau estilo - já que falamos do 25 de Abril - de um qualquer pequeno partido maoísta como o MRPP ou a AOC do "camarada Vilar". Ou será, a avaliar pela leitura de alguns "blogs" afectos ao governo, que a referência estará mais no "Tea Party"? 

quarta-feira, abril 09, 2014

4ªs feiras, 18.15h (74) - "Noir" (X)


"High Sierra", de Raoul Walsh (1941)
Filme completo c/ legendas em francês

Motor City (18)

Barrett Strong - "Yes, No, Maybe So" (Julho de 1960) 

A Associação 25 de Abril e as comemorações na Assembleia da República

Na Assembleia da República, a "casa da democracia" e de onde, por isso mesmo, emana a soberania popular, devem poder usar da palavra, em ocasiões solenes e comemorativas, todos aqueles que o povo, concordemos ou discordemos da sua acção e ideias, directa ou indirectamente elegeu, desde que respeitem o Estado de Direito e a soberania popular: deputados, membros dos governos e Presidente da República. Assim sendo, apesar de todo o respeito e admiração que sinto pelos militares de Abril, não vejo qualquer razão para algum deles usar da palavra da sessão comemorativa do 25 de Abril. Acho mesmo, na sua pretensão, estarmos perante uma espécie de tique autoritário, um género de quase desejo de regresso à "democracia tutelada". Tendo dito isto, direi também que a sua ausência será lamentável e não deixará de retirar força e significado a uma data que devia pertencer a todos os democratas. Espero por isso reconsiderem.  

terça-feira, abril 08, 2014

Vichy (6)

Big Maybelle - The Okeh sessions (2)

"Gabbin' Blues" (10-08-1952)

A geração privilegiada

A geração anterior àquela que agora anda pelos trinta e tais ou quarenta anos e recebe as reformas a que tem direito foi a que fez a guerra colonial, viveu durante vinte a tal anos num país pobre, atrasado, sem liberdade e conservador até à medula, do qual se envergonhava. Governado por uma ditadura que impunha valores retrógrados que em nada, mesmo nada, se identificavam com o que se passava no mundo das novas vidas e ideias, em mudança acelerada nas décadas de sessenta e setenta. Um país de onde milhões foram obrigados a emigrar. Onde muitos dos que ficaram nunca saíram da sua aldeia ou da pequena cidade de província onde nasceram, excepto para irem para o quartel e depois para a guerra. Onde existia censura e não se podiam comprar os livros que se queriam ler nem os filmes que se queriam ver. Onde, mesmo para os privilegiados que tinham condições económicas para o fazer, não era fácil fazer uma viagem além Pirinéus, a fronteira da civilização. Onde o desemprego talvez fosse baixo, mas ao preço de ordenados perto ou para além da indignidade e de condições de trabalho de extrema dureza. Enfim, cara geração dos trintas e tais quarenta anos, como podem fomos ver uma geração privilegiada... 

segunda-feira, abril 07, 2014

Big Maybelle - The Okeh sessions (1)

"Just Want Your Love" (10-08-1952)

O PS e o salário mínimo

Em política, quem está na oposição e não tem, porque não quer, não pode ou as circunstâncias o não permitem, uma estratégia alternativa à do governo e partidos no poder, e se limita a apresentar propostas avulsas, "indo a todas", arrisca-se a ver algumas dessas propostas "capturadas" por esse mesmo poder, esvaziando-se enquanto alternativa. No fundo, e se me permitem a comparação, para alguns talvez espúria, é como se uma marca baseasse as suas personalidade e distinção não num "posicionamento" único e inequívoco, facilmente identificável pelo consumidor, mas numa ou outra qualquer característica secundária fácil e rapidamente "copiável".

Ora é isto mesmo que se está agora a passar com a abertura demonstrada por Pedro Passos Coelho para o aumento do salário mínimo, proposta antiga dos socialistas, contando com o apoio do Conselho Económico e Social, e que o governo tenta agora esvaziar, quebrando um certo consenso existente do qual PSD e CDS se tinham auto-excluído. Sintomático do que digo, uma certa "aflição" de António José Seguro reclamando a paternidade da ideia e pedindo urgência na decisão, o que de pouco lhe servirá: o governo, com o apoio de uma comunicação social onde é quase hegemónico, só se for completamente inábil (e convenhamos que demasiadas vezes o é) não irá conseguir gerir os "timings" para si julgados mais convenientes e uma maioria dos eleitores não deixará de atribuir ao governo a iniciativa de tal medida. Para o PS, será mais uma oportunidade perdida, sobrando-lhe apenas a queixa infantil de que tinha sido ele o da "boa ideia".

sábado, abril 05, 2014

Documentário de sábado (30)

"Diabolical Mr. Franco": The Films of Jess Franco (1999) - 1/2

"Diabolical Mr. Franco": The Films of Jess Franco (1999) - 2/2

sexta-feira, abril 04, 2014

Friday midnight movie (83) - Jess Franco (VII)

"Sie Tötete in Ekstase" (aka "She Killed in Ecstasy") - 1971
Filme completo c/ legendas em português
(Nota: Jesus Franco assina Frank Hollmann e Soledad Miranda é referida como Susann Korda)

British Beat Before The Beatles (9)

Johnny Kidd & The Pirates - "So What" (15-09-1961)

Seguro e os sem-abrigo

Querer acabar com os sem-abrigo é certamente uma boa intenção, e até pode ser venha a ser bem sucedida. Mas o seu anúncio, ao estilo campanha eleitoral, pelo PS, remete bem mais para a pouca seriedade dos populismos de raiz sul-americana, de Perón a Chavez, do que para a tradição política à europeia, apesar de tudo, ainda nos dias de hoje pautada por outros valores e por algumas seriedade e sobriedade. Acresce que tal acontece quando o foco do debate tende a concentrar-se - e bem - na questão-chave da dívida e do crescimento económico, pelo que levantar agora o tema dos sem-abrigo, por muito que a questão seja preocupante,  pode ser visto como uma tentativa de António José Seguro para desviar o debate de um assunto no qual ele e o partido se sentem pouco à vontade. Por todas estas razões, não me parece esta proposta possa vir a contribuir minimamente para o fortalecimento da imagem de seriedade do partido, enquanto alternativa consistente à actual situação, e, consequentemente, para a obtenção de resultados eleitorais que permitam ao PS enfraquecer o radicalismo hoje no poder e negociar uma solução governativa, em posição de força, que, idealmente, pudesse vir a incluir muitos dos sectores que se reconhecem no Manifesto dos 74. Com alguma vontade, digamos que Seguro se atrapalhou, escorregou no balde e, se não tiver cuidado, ainda se arrisca a levar com o bolo na cara.

quinta-feira, abril 03, 2014

Fats Domino & Imperial Records (3)

"Going To The River" - Março de 1953

Jorge Jesus e Bruno de Carvalho

Bruno de Carvalho, que parece não saber assumir sem soberba o actual e merecido segundo lugar do SCP no campeonato, andou por aí a "mandar uns palpites" sobre os méritos e deméritos da liderança do SLB na mesma prova. De Luís Filipe Vieira obteve apenas uma resposta "en passant", um mero "soundbite" sem consequências, já que a nível da Administração do clube mais não mereceria, mas acabou por arriscar-se a receber uma resposta à letra e a preceito e essa veio - e muito bem - do treinador Jorge Jesus, um mero funcionário do meu clube, já que mais e melhor Bruno de Carvalho não mereceria. Espero o presidente do SCP, um "leão" que parece ter dificuldades em entender a lei da selva, tenha aprendido a lição.  

quarta-feira, abril 02, 2014

4ªs feiras, 18.15h (73) - Hitchcock (VI)



Filme completo c/ legendas em português

"ab origine" - esses originais (quase) desconhecidos (48)

"Sleep Walk" - O original de Santo & Johnny (1959)
Billboard #1 em Setembro desse ano

A versão dos Shadows (aka "Sleepwalk"), bem mais conhecida em Portugal e incluída no seu 1º álbum ("The Shadows"), de Setembro de 1961.

Manuel Valls ou a distância entre França e Portugal

Em França, Manuel Valls, filho de um catalão e de uma italiana e que apenas adquiriu a nacionalidade francesa em 1982, é agora primeiro-ministro e, ao que se diz, será futuro candidato à Presidência da República. Por sua vez, Anne (Ana) Hidalgo, filha de imigrantes espanhóis, nascida em 1959 e que adquiriu a nacionalidade francesa em 1973, ocupa agora a Presidência da Câmara Municipal de Paris. Em Portugal,  um qualquer cidadão que não tenha tido sempre a nacionalidade portuguesa nunca poderia candidatar-se à Presidência da República, por lhe ser constitucionalmente vedado, e, pelo contrário, chega-se ao ridículo de discutir se jogadores de futebol naturalizados devem ou não representar a selecção do seu novo país. 

A diferença? França convive há mais de cem anos com forte imigração e por isso, apesar do chauvinismo que lhe é tradicionalmente atribuído, muitas vezes com razão, tornou-se, até pela sua situação geográfica, mais cosmopolita e soube perceber o que de positivo poderia absorver dessa mesma imigração. Com Portugal passou-se exactamente o contrário: periférico e país de emigração, só no último decénio do século XX, e apenas por um relance, se abriu de facto à diferença. O importante e significativo não é pois saber quando um luso descendente ocupará um cargo político de primeira linha em França ou na Alemanha, por exemplo, mas quando um cidadão português nascido brasileiro, ucraniano, moldavo (etc) poderá vir a ocupar cargo idêntico em Portugal.

terça-feira, abril 01, 2014

A propósito da reportagem de Nuno Madureira sobre "You'll Never Walk Alone"

Depois de tanto disparate que tenho lido e ouvido sobre a canção "You'll Never Walk Alone", transformada pelos adeptos num género do hino do Liverpool FC e de mais alguns clubes à volta do mundo, não deixa de merecer um enorme elogio, pelo seu rigor, esta peça de Nuno Madureira publicada pelo "Mais Futebol". Apenas um pequeno reparo que não retira valor ao que Nuno Madureira escreveu e à sua investigação: de facto, "She Loves You", dos Beatles, foi duas vezes #1 nos "charts": entre 12 de Setembro e 10 de Outubro de 1963 (4 semanas) e entre 28 de Novembro e 12 de Dezembro do mesmo ano (mais 2 semanas). Foi entre esses dois períodos (31 de Outubro a 28 de Novembro - 4 semanas) que "You'll Never Walk Alone", um "cover" de um original escrito por Rodgers & Hammerstein para a opereta "Carousel" interpretado por Gerry & The Pacemakers, se manteve #1, depois de ter destronado "Do You Love Me", dos londrinos Brian Poole & The Tremeloes (3 semanas, entre 10 e 31 de Outubro), também ele um "cover" mas de um original dos Contours. Como curiosidade, Brian Poole & The Tremeloes  foi o grupo ao qual a Decca deu preferência em detrimento dos Beatles no início de 1962. Quanto ao resto, os meus parabéns ao Nuno Madureira e aqui deixo os temas referidos para quem ainda os desconhecer ou quiser recordar.
  
Gerry & The Pacemakers - "You'll Never Walk Alone"

Brian Poole & The Tremeloes - "Do You Love Me"

The Beatles - "She Loves You"