segunda-feira, junho 23, 2014

Paulo Bento: voltemos à convocatória

Como a minha paciência é infinita e o combate à estupidez não pode ter tréguas, vamos lá tentar analisar a convocatória de Paulo Bento focando os nomes mais badalados "que deviam lá estar e não estão". Mas vamos tentar fazê-lo com "cabeça, tronco e membros", tendo em atenção duas questões fundamentais:
  1. Estamos restritos a um grupo de 20 jogadores - retirando os três guarda-redes - o que significa para entrar A tem de sair X, para entrar B tem de sair Y e assim sucessivamente, coisa que vejo demasiadas vezes esquecida.
  2. Uma fase final de um Mundial, tal como uma revolução, não é propriamente um "picnic" e, portanto, temos de considerar gente com alguma experiência do "grande futebol", seja ao nível de selecções, seja de clubes.
Tendo isto em atenção, vamos lá analisar os nomes mais "badalados": Cédric, Antunes, Adrien e Quaresma.
  1. Cédric. É um razoável defesa-direito e fez uma boa época. Mas quem sairia? André Almeida, que não faz pior o lugar e tem as vantagens de ser polivalente e ter experiência de Champions League e Liga Europa? Um dos quatro centrais, sendo que Ricardo Costa tem a vantagem de também fazer as "laterais", jogar num campeonato mais competitivo e ter grande experiência internacional, no seu clube e na selecção? Amorim, que alia à maturidade e experiência internacional o facto de fazer também "6" ou "8"? Impossível.
  2. Antunes. Para além de Coentrão, é o único defesa-esquerdo "canhoto" com um mínimo de capacidade para jogar na selecção. Quem sairia? André Almeida? Mas tal obrigaria a encontrar mais uma solução para a direita, já que isto é como um cobertor: tapa de um lado, destapa do outro. Alguém de um meio-campo que sempre me pareceu deficitário em termos de número de jogadores convocados (já lá vamos)? Além do mais, Antunes faz apenas um lugar: com esse "handicap", tem a categoria-extra suficiente para justificar a convocação?
  3. Adrien. Ora aqui está um ponto: com o "déficit" de gente a meio-campo, em boas condições físicas, eu teria convocado Adrien, apesar da sua escassa experiência internacional. Retirando quem? Em minha opinião, um ponta de lança, já que, teoricamente, Postiga e Hugo Almeida seriam suficientes uma vez que Cristiano também pode ser utilizado na posição. Mas percebo Paulo Bento: Adrien é exclusivamente um "8" e tanto Meireles, como Moutinho e Amorim fazem bem a posição. Ironicamente, prova-se a posteriori e em face das lesões ainda bem Paulo Bento levou três pontas de lança. E se o preterido tivesse sido Rafa? Era outra opção e sobre Rafa, que nunca vi jogar "com olhos de ver", não me pronuncio. Mas Adrien é talvez a minha única discordância com Paulo Bento, embora não veja como a sua inclusão no grupo dos convocados poderia, por si só, mudar alguma coisa que se visse.
  4. Quaresma. Contrariamente ao que tenho lido, tenho quase a certeza a não opção por Quaresma nada tem a ver com questões do foro disciplinar ou semelhantes, mas sim com a sua incapacidade para entender o jogo e a sua total falta de sentido colectivo. Ricardo Quaresma é uma firma em nome individual, um jogador por conta própria, que, fazendo de vez em quando (muito de vez em quando, note-se) os seus números de ilusionismo, dificilmente pode ter lugar numa equipa que faça do colectivo a sua arma principal, como acontece no futebol moderno. E não se trata apenas de "defender ou não defender", mas de entender o jogo, uma equipa e as suas movimentações. Aliás, um dos sintomas da fraqueza do FCP 2013/14 foi exactamente a dependência da equipa desses "números" de Quaresma e a preponderância que o jogador veio a ter nos melhores resultados da equipa.
Estamos conversados?

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