quarta-feira, junho 18, 2014

Joga o Manel ou joga o Joaquim? - ou a delícia dos "treinadores de bancada"

Continuando com estas coisas do Mundial, e agora falando do jogo contra os USA, devo dizer também estou farto de histórias do tipo "joga o Manel ou joga o Joaquim", "devia pôr o António já que o José está castigado/lesionado". Ora a primeira pergunta que se deve fazer antes de começar a atirar com nomes para a praça pública, é: "o que vai encontrar a selecção portuguesa nesse jogo"? "Que problemas vai defrontar e como pensa resolvê-los mantendo, no essencial, os seus princípios e ideia de jogo"? Ora partindo destas premissas e tendo em atenção o que vi no jogo dos norte-americanos contra o Gana (Paulo Bento e a sua equipa técnica terão visto muito mais jogos), o que vai a equipa portuguesa encontrar? Penso que uma equipa americana a jogar num bloco "médio-baixo", defendendo bem pelo meio e explorando o contra-ataque pelas alas (Dempsey, principalmente) e o passe longo para o substituto de Altidore (lesionado). Ora isto significa que a selecção portuguesa vai forçosamente ter mais bola; vai ter de a fazer circular no meio-campo adversário e jogar a toda a largura do terreno, para abrir espaços, assumir o jogo e ter paciência se o golo tardar. Muita paciência, mesmo. 

Assim sendo, Paulo Bento, entre o Manel e o Joaquim, o António e o José, terá de escolher aqueles que se sintam mais confortáveis neste processo e melhor possam interpretar o modo como a equipa terá de se comportar neste panorama que se "perspectiva". Quem? Não vejo os treinos, não falo com os jogadores, não conheço a sua condição técnica, física e psicológica, etc, etc. Mas, com todas estas ressalvas, quer-me parecer que, ceteris paribus, a fiabilidade e jogo aéreo de Ricardo Costa podem ser preferíveis à rapidez de Luís Neto; a capacidade defensiva de André Almeida, mesmo destro, talvez leve a melhor sobre a técnica de Veloso a colocar a bola à distância; talvez deva jogar no meio-campo quem tenha maior capacidade para cair rapidamente sobre as alas, quer nos movimentos defensivos, quer nos atacantes; Postiga cai como peixe na água neste panorama e, se a coisa se complicar, Vieirinha e Varela podem vir a ter uma palavra durante o jogo. Mas isto digo eu, treinador de bancada um pouco a contra-gosto, agradecendo desde já quem me conteste com argumentação a propósito.

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