sexta-feira, junho 27, 2014

António Costa e o velho dilema da oposição democrática

Parece cada vez mais evidente que as eleições primárias do PS serão aquilo que tiverem de ser para António José Seguro ganhar. Aliás, a opção por "primárias" em vez da convocação de um congresso e de "directas" presidiu desde início a esse objectivo e duvido o actual secretário-geral aceite perder em campo o que ganhou na secretaria. Por enquanto estamos apenas no campo "soft" das questões organizativas e dos regulamentos "custom made", com uma ou outra incursão pelo campo já mais duvidoso dos procedimentos (o "caso" farmácias), mas parece existirem poucas dúvidas de que, caso necessário, se assistirá a uma deriva que não deixará de desembocar no "hard core" das "chapeladas" e outras "trafulhices" mais ou menos congéneres.

Perante isto, António Costa debater-se-à com o velho dilema da oposição democrática no tempo do Estado Novo: ir até às urnas, caucionando um processo que, de ou ou outro modo, parece viciado à partida, ou desistir alegando falta de condições e a viciação do processo, podendo ser assim acusado, pela actual direcção do partido, de cobardia política? Tendo em atenção a sua anterior candidatura falhada a secretário-geral e o estilo de actuação de que a actual direcção tem vindo a dar provas, ao estilo "disposta a tudo", salvo se algo de excepcionalmente grave se passar não restará a António Costa outra opção senão ir até ao fim, talvez caminhando, corajosa mas inutilmente, para o cadafalso que desde o início lhe está destinado. Se o sacrifício será ou não inútil é coisa que depois veremos. 

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