segunda-feira, maio 12, 2014

"Under the Skin"


Confesso não me lembro de alguma vez ter saído do cinema sem saber muito bem o que pensar. Ou se isso alguma vez terá acontecido. Mas foi isso mesmo que se passou quando saí de "Under the Skin", misturado com um sentimento de estranheza que vai muito para além do "gosto"/"não gosto". E é essa mistura de sentimentos que acho nunca me aconteceu. Por vezes lembrei-me de Strange Days", de Kathryn Bigelow, ou também de "Blade Runner". E porque não da alguma estranheza que emana do ambiente de "The Shout", de Jerzy Skolimowski? E porque em vez do óbvio Kubrick me lembrei antes de Lynch? E porque razão Scarlett Johanssen me fez por vezes lembrar gente tão díspar como a Anna Karina de "Alphaville" ou a Marianne Faithfull de "Girl on a Motorcycle"? Jonathan Glazer vem da publicidade e do mundo dos telediscos e isso é razão suficiente para desconfiar. Mas também é por isso que saberá tão bem criar o ambiente para seduzir o espectador sem ultrapassar a superficialidade da pele. E é isso mesmo que "Under the Skin" é: tal como Scarlett Johansson no filme, um objecto de sedução que talvez seja bem melhor não levar mais fundo que a pele. Eu, como está bem de ver, gostei de me deixar seduzir assim.

Sem comentários: