segunda-feira, maio 19, 2014

Futebol à 2ª feira

  1. Sou um "tradicionalista", mas como não me considero um "conservador" penso a tradição pode reformar-se e deve sempre ceder o seu lugar quando estejam em causa valores mais importantes e que por isso devem prevalecer. Por isso mesmo, e perante as imagens que ontem vi da entrada do público para o estádio do Jamor, colocando em sério risco a integridade física e a vida de muitos (lembrei-me de Hillsborough), penso não faz qualquer sentido manter a disputa da final da Taça de Portugal num estádio irreformável e com setenta anos de vida, deixando vazios estádios modernos onde os poderes públicos investiram algumas centenas de milhões de euros. Os acessos por transporte público (hoje em dia o meio de transporte preferencial para aceder a um estádio de futebol) são muito deficientes, a comodidade e visibilidade para o público, com bancadas pouco inclinadas, um corredor de escoamento para espectadores e uma pista de atletismo a afastarem-nos do relvado, é má de qualquer lugar, as estruturas de apoio (casas de banho, bares, etc) escassas e as condições de segurança para esquecer. A sorte foi que ontem era um SLB - Rio Ave FC, mas gostaria de saber o que teria acontecido num SLB-FCP ou SCP. Espero nunca se venham a trocar uma febras e uns "picnics" na mata do Jamor por vidas humanas.
  2. Sim, eu sei que os 120' da final de Turim e os muitos jogos disputados constituem atenuante de peso, mas o "meu" SLB continua a chegar aos finais de época fisicamente mais desgastado do que acho seria aceitável. Responsabilidade do modelo de jogo que, apesar da mais assisada rotação de jogadores permitida por um plantel qualitativamente superior, continua a causar enorme desgaste. E é o momento das vitórias o mais indicado para, com sensatez, identificar os problemas.
  3. A escolha de jogadores para uma fase final de um Europeu ou Mundial não é propriamente um concurso de popularidade, muito menos a atribuição de um prémio aos que mais e melhor se distinguiram no seus clubes durante uma época. Deve ter na sua base, para além da experiência de cada jogador no "grande futebol", um conceito de gestão de grupo por parte do seleccionador, bem como uma ideia de jogo para a equipa englobando princípios, modelo e capacidade de entender o modo como a equipa joga. Parece-me ser isto que Paulo Bento desde sempre entendeu e interiorizou a a esmagadora maioria de jornalistas e comentadores ainda não percebeu. Continuar a insistir na discussão de nomes sem ter isto em atenção é enorme disparate.

Sem comentários: