sexta-feira, maio 23, 2014

3 notas 3 sobre a campanha

  1. Como tenho ouvido e lido, os pequenos partidos foram os mais prejudicados pela decisão fundamentalista da Comissão Nacional de Eleições sobre o tratamento mediático das candidaturas, principalmente o "Livre" e a candidatura unipessoal de Marinho e Pinto? Sim, sem dúvida que sim, mas a má influência estendeu-se a todas as candidaturas, já que sabendo os principais partidos apenas teriam direito a alguns segundos de tempo de antena nos telejornais, pouco ou nada mais lhes restaria que não fosse a opção pelo "soundbite", pela acção mediática impactuante em detrimento de qualquer opção  pela discussão com conteúdo ou pelo esclarecimento sereno, que não são incompatíveis com o comício, a reunião com apoiantes ou o "lombo de porco assado". É chegado pois o momento de pedir responsabilidades. Mas não só aos partidos políticos; também a quem, com as suas decisões insensatas (para não dizer "estúpidas"), esteve na base de uma campanha que a quase todos nos envergonha.
  2. O que esta campanha eleitoral deveria trazer também para a discussão é a sua capacidade para transformar gente tido por inteligente, com bagagem política e cultural e considerados estrelas em ascensão (pelo menos segundo comentadores e jornalistas) nos seus partidos, como Rangel e Assis, em autênticos trauliteiros ou trogloditas políticos, a pedirem meças ou até mesmo a ultrapassarem sem vergonha que se veja os comentadores da "bola" de programas do tipo "Os Três Estarolas". Das duas uma: ou não têm as qualidades que uma maioria de jornalistas e comentadores neles vislubraram - e eu acho e sempre achei que não têm, nem nunca tiveram; ou, pura e simplesmente, não têm um mínimo de vergonha na cara e dignidade suficiente para se recusarem a fazerem figuras ridículas e que acabam por prejudicar o regime e a democracia, o que ainda é pior. 
  3. Podemos gostar ou não deste governo - e eu não gosto. Mas a atitude de Marcelo Rebelo de Sousa ao justificar a sua participação na campanha exclusivamente pelo seu apoio a Jean-Claude Junker é indigna de um político de corpo inteiro, de um ex-presidente do seu partido e, principalmente, de um putativo candidato a Presidente da República. Das duas, uma: ou tinha a coragem, como o fez Mário Soares (estou à vontade: raras vezes, nos últimos tempos, tenho estado de acordo com ele), de não participar na campanha; ou, com maior ou menor entusiasmo, lá fazia o frete de ir ao "lombo de porco" e apelar ao voto na coligação, mesmo que de modo discreto e com um entusiasmo muito comedido. Razão parece ter Passos Coelho em querer afastar tal personagem da corrida a Belém, mesmo todos sabendo que depois de Cavaco Silva até o Rato Mickey poderá ocupar o lugar com vantagem.  

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