segunda-feira, fevereiro 18, 2013

A carta...

Ok, António José Seguro resolveu escrever à "troika", o que não pode dizer-se seja uma má iniciativa. E lida a carta, também não se pode dizer no seu conteúdo não se reveja uma boa maioria dos portugueses. E no entanto... E no entanto a iniciativa não deixou de me lembrar aquelas "cartas abertas ao Senhor Presidente do Conselho" com as quais, de tempos a tempos, a oposição "reviralhista" manifestava a sua existência. Nesses tempos, em ditadura, essas cartas tinham pelo menos o condão de nos lembrar que não estávamos sós; alguma gente ilustre comungava dos nossos sentimentos, anseios e angústias e isso tinha o seu quê de reconfortante. Agora, felizmente em democracia e com o conforto da liberdade e do debate aberto de ideias, tal atitude teria pelo menos de incluir um "follow up", isto é, dizer qual o passo seguinte caso a "troika" e o governo decidam ignorar as ideias e opções propostas. E, muito francamente, não só não as vejo anunciadas como não vislumbro, em função do comportamento político das oposições (todas), quais elas possam vir a ser.

No fundo, o que parece é que com esta atitude Seguro pretende apenas "marcar território". Isto é, sabendo que o governo a a "troika", muito provavelmente, serão obrigados a levar em linha de conta os últimos indicadores quase catastróficos da recessão e do desemprego, aligeirando ou adiando algumas das medidas recessivas em elaboração, Seguro tenderá então a chamar a si alguns dos louros, fazendo-se ouvir em mais uma edição do já famoso discurso político: "Senhor primeiro-ministro, devo dizer-lhe com toda a clareza que se tivesse dado ouvidos ao PS...". Digamos que não chega, até porque o governo já demonstrou sabe  bem lidar com esse género de argumentos.     

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