quarta-feira, junho 13, 2012

Um dia de Euro 2012

Ora vamos lá ver:
  1. A selecção portuguesa já cumpriu os serviços mínimos, o que lhe seria exigível: ganhou à Dinamarca, o jogo que tinha obrigação de ganhar. Tudo o que vier a mais é ganho.
  2. Eu sei que toda a gente vai falar dos falhanços de Cristiano. Ok, mais um a dizê-lo não vale a pena. A questão essencial é outra: a permeabilidade da equipa portuguesa pelas faixas laterais em virtude do "déficit" defensivo de Cristiano e Nani. Hoje, os dois golos sofridos vieram daí (independentemente de João Pereira estar a dormir "na forma" no primeiro) e foi notório, durante toda a segunda parte, Coentrão ter de se ver sozinho com todos os dinamarqueses que pelo seu lado apareciam (e foram muitos). O problema é agravado por a equipa "não saber ter bola" (não passa por aí o seu modelo de jogo, tudo bem) e os laterais terem mentalidade ofensiva, o que também faz parte do modelo de jogo da equipa. Esta será uma das razões - imagino - porque Paulo Bento não opta por um médio defensivo mais posicional (Custódio), pois precisa de gente do meio que ajude nas laterais. No Real Madrid, por exemplo, Di Maria é mais agressivo defensivamente e Arbeloa raramente se adianta. Além disso existem dois "pivots" defensivos (Khedira e Alonso) que se encarregam do "servicinho". Não sou treinador de bancada e considero Paulo Bento suficientemente competente: ele saberá como minorar o problema, se houver como fazê-lo.
  3. Pepe deu hoje uma lição aos que contestam jogadores que não tenham tido sempre a nacionalidade portuguesa joguem na selecção. E deu essa lição da melhor forma possível: não com "patrioteirismos" bacocos, mas mostrando um profissionalismo exemplar na defesa da equipa que integrava, que para o caso era a selecção portuguesa. Ser profissional e competente naquilo que se faz e sentir-mo-nos bem com aqueles que estão connosco é bem mais importante do que o amor a qualquer pátria. 
  4. Paulo Bento deu uma lição aos treinadores de bancada: no modo como defendeu o grupo e os jogadores mais criticados, no escalonamento para o jogo, como o preparou e geriu. Teve a sorte de o criticado Postiga ter marcado e de Varela se ter redimido do apregoado "falhanço" (não o considero bem assim) contra a Alemanha. Mas que competência e trabalho estiveram na base dessa sorte de Paulo Bento!...
  5. Do que já vi, a Alemanha é a principal candidata ao título. Porquê? É a mais equilibrada e a que apresenta maior segurança de jogo, isto é, a que melhor sabe o que fazer em todas as situações, comete menos erros e opta mais vezes pelas melhores soluções. E tem um Özil que põe tudo a mexer.
  6. A Holanda, com um ataque cheio de gente "de algo", só hoje conseguiu marcar um "golito" e sabe-se lá com que dificuldade. Um recado para os muitos que pensam que basta ter muito bons jogadores atacantes para marcar golos e ganhar jogos. O futebol é um jogo de equilíbrios (e desequilíbrios), movimentações colectivas e inteligência. Ter os melhores jogadores ajuda muito, mas bem mais num clube que treina todos os dias do que numa selecção que tem pouco tempo para afinar o colectivo. E, entregues a si próprios, Sneijder e Robben escolhem demasiadas vezes as piores soluções. Tal como Cristiano Ronaldo, claro.

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