segunda-feira, junho 18, 2012

A Grécia do Syriza e a "vingança punitiva"

Reconheço para os gregos a tentação seria grande, tal como também para muitos de nós, cidadãos europeus, que nos angustiamos dia a dia por duvidarmos a actual estratégia política possa levar a União a bom porto. Mas temos de concluir que uma vitória do Syriza conteria em si algo de infantil vingança punitiva sobre a Alemanha e a actual direcção política europeia, aquela punição que tanto criticamos por parecer estar incluída nos planos de austeridade impostos aos países sob resgate, um pouco ao estilo "impõem-nos a pobreza, a destruição da economia e da coesão social, do futuro - pelo menos o próximo - mas não caímos sozinhos, arrastaremos todos e a União connosco para a incerteza e o possível caos". Digamos que a política tem de ser um pouco mais do que uma luta entre concepções morais do mundo e da vida, embora tal, desde George W. Bush, pareça estar cada vez mais a servir de pretexto para encobrir e fazer passar mensagens ideológicas extremadas.  

Nas eleições gregas, enfim, prevaleceu algum bom-senso, claro, mas - e digo-o sem demasiada esperança -  seria bom que a Alemanha e a actual direcção da UE entendem-se o recado e não recusassem a mão salvadora que os gregos lhe estenderam. E, claro, esperando tal não fosse para nos enviarem, agora a todos, para o abismo de onde os nossos concidadãos gregos, para já, nos parecem ter posto a salvo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

Vamos lá ver se conseguem formar governo...caso contrário daqui a uns tempos teremos novas eleições no berço da democracia.
Acho delicioso o bonus de 50 deputados ao (partido) vencedor das eleições. Creatividade helénica.

Quanto ao abismo...infelizmente, creio que apenas se fez (ou faz) um compasso de espera para dar o passo em frente.

Cumprimentos

JC disse...

Ainda bem que fala do bónus dos 50 deputados. Desta ou doutra maneira, na maioria dos países o partido vencedor de umas eleições sai sempre beneficiado. Num sistema proporcional como o português, isso é feito pela aplicação do método de Hondt, por exemplo. No caso dos sistemas uninominais, o próprio sistema, por si só, gera distorções bem mais graves. por exemplo, nas eleições presidenciais dos USA, com a aplicação, em cada Estado, do sistema "winner takes all", no limite até o candidato mais votado pode não ser eleito. O que se passa no caso grego é que esse benefício, por ser obtido "a posteriori" se torna mais evidente.
cumprimentos