sexta-feira, maio 18, 2012

A RTP e Duarte Lima

O cidadão Domingos Duarte Lima - pessoa pela qual não nutro qualquer simpatia pessoal ou política, antes pelo contrário - viu alterada a medida de coacção a que estava sujeito no âmbito de processo-crime pelo qual foi constituído arguido em Portugal, tendo deixado o estatuto de preso preventivo e passado à condição de detenção domiciliária com utilização de pulseira electrónica. Diga-se que embora melhore significativamente as suas condições de vida, não deixa de ser uma situação difícil e humilhante (o que não implica não seja a adequada às circunstâncias), competindo-me lembrar que Duarte Lima, apesar das gravíssimas acusações que sobre ele recaem em Portugal e no Brasil, continua a ser tão inocente como o mais inocente dos cidadãos. 

Esta alteração seria com certeza merecedora de notícia de destaque nas televisões, com o enumerar das razões que levaram a esta decisão judicial, respectiva explicação por um jurista conhecedor e, claro, um breve resumo da carreira política de Duarte Lima e das razões que o levaram à prisão em Portugal e à acusação de homicídio no Brasil. E ponto final...

Em vez disso vimos a RTP, Serviço Público de Televisão, numa semana que deixa a UE e a Zona Euro à beira da implosão e consequentemente o futuro dos portugueses "feito num molho de bróculos", ocupar os primeiro dez minutos (pelo menos) do seu Telejornal da passada 4ª feira, esbanjando recursos, com directos do DCIAP, da PJ, da casa de Duarte Lima onde, claro, nada de relevante se passava que pudesse contribuir para um melhor esclarecimento dos espectadores. Que as privadas TVI e SIC o façam, problema deles. Já a RTP é paga por todos nós, e assim sendo temos como dever de cidadãos exigir-lhe responsabilidades não só pelo modo como gasta o nosso dinheiro, mas também sobre a sua orientação editorial. E neste último caso, não me parece seja do âmbito do Serviço Público contribuir para a gratuita "caça ao político" ou para o já de si desbragado populismo à solta. Políticos por políticos, seria bem mais útil que a RTP tentasse indagar e esclarecer, também sem populismos rasteiros, das razões que levaram à prescrição dos processos que envolvem Isaltino Morais e do racional que está na base da sua eleição no concelho onde se concentra o maior número de licenciados do país. Mas parece que o autarca de Oeiras passou de moda ou não existe interesse em remexer em tais coisas.

6 comentários:

Anónimo disse...

Curioso o seu posicionamento critico neste processo...quando, afinal, apenas propõe que na caça ao politico, apenas se mude o alvo.
Relativamente aos critérios jornalisticos, continua, de facto, a ser ridicula aquela falácia de deslocar meios para um exterior, quando de sabe, de ciência certa, que apenas vamos poder a saida ou entrada de uns vizinhos curiosos. Manias.

Lourenço Cortes

JC disse...

Não se trata de mudar o alvo, caro Lourenço. São casos diferentes. Isaltino Morais foi condenado por tribunal competente (o que ainda não aconteceu com Duarte Lima) e os processos respectivos prescreveram impedindo a respectiva conclusão. A figura de Isaltino Morais pouco me interessa, neste aspecto, e ainda menos a "caça ao político". Podia ser um qualquer outro cidadão, não político. Apenas gostaria que os portugueses fossem esclarecidos sobre o modo como a Justiça permite casos destes aconteçam. E tb o que leva cidadãos com um nível escolar elevado a eleger quem foi condenado por crimes só possíveis de terem sido praticados pelas funções que exercia e exerce.
Cumprimentos

Karocha disse...

Não ouviu a Felicia na TVI24 JC?

JC disse...

Não, Karocha, felizmente. Evito cuidadosamente tal tipo de gente.

Karocha disse...

Mas devia ter ouvido JC!

O que aconteceu, tem a ver com a operação furacão,a colaboração do Duarte Lima tem a ver com outros assuntos.
Felicia Cabrita dixit

JC disse...

Poupe-me à Felícia Cabrita, Karocha, por favor...