sexta-feira, fevereiro 24, 2012

3 notas 3 sobre o PS


  1. Se me pedirem para definir numa frase o pensamento político fundamental do PS face à crise, diria que o partido concorda, na sua essência, com a estratégia seguida pelo governo e pela UE mas discorda da violência da medicação. É isto, no fundo, que consigo depreender das declarações e actuação políticas dos responsáveis socialistas, de Seguro a Zorrinho e mais uns tantos dos quais não recordo o nome. Ou seja, neste aspecto nada distingue o PS de muitos partidos e governos conservadores europeus como os "tories" ou o PP de Espanha, bem como de inúmeras personalidades políticas da democracia-cristã portuguesa, de Cavaco Silva a Ferreira Leite, passando por Bagão Félix. O partido perdeu, portanto, autonomia e pensamento político próprios, não admirando porque a maioria dos portugueses, apesar de se dizerem decepcionados com o governo de Passos Coelho, consideram não existir alternativa credível. O PS está assim a deixar vago ou a oferecer de mão beijada aos sectores democrata-cristãos do PSD e CDS o espaço fundamental entre o neo-Thatcherismo de Vítor Gaspar e o radicalismo revolucionário da extrema-esquerda,espaço esse tradicionalmente ocupado pela social-democracia. Pagará caro.
  2. Esfreguei os olhos e não acreditei: ali, na TV, em horário nobre, Francisco Assis defendia, na última quarta-feira, a atitude de Cavaco Silva ao decidir fugir dos alunos da António Arroio em manifestação à porta da escola. Para além de pactuar com a covardia política, será que Assis e o PS pensam cavalgar a agenda política de Cavaco Silva, alguém que sempre se distinguiu por colocar os seus interesses pessoais acima de quaisquer outros e por não hesitar em esmagar quem e o que quer que seja quando tal lhe é necessário para os atingir? Aqui estamos, novamente, perante mais uma prova, se necessário tal fosse, da ausência de uma estratégia e pensamento político próprios por parte do PS. Surpresa? Mas alguém conhece uma ideia política a António José Seguro?
  3. Onde estarão agora os comentadores, politólogos, jornalistas e afins que se apressaram a falar de uma viragem à esquerda do PS quando da eleição de Seguro no último congresso? Nem à esquerda, nem ao centro, nem à direita; acho que para um lugar vazio. E como a política tem horror ao vazio, alguém o preencherá.

Sem comentários: