sexta-feira, janeiro 13, 2012

Álvaro Santos Pereira: é sempre triste ver bater nos mais fragilizados

O ministro Álvaro Santos Pereira corre o risco de se transformar num verdadeiro génio do burlesco, num autêntico exemplo do comediante "pé no balde e bolo na cara", num "alter ego" do Coyote que, ao pensar idealizou finalmente a derradeira armadilha que lhe permitirá realizar o sonho de uma vida, apanhando um "Bip-Bip" que teima em escapar-lhe, acaba, para sua total surpresa, por vê-la voltar-se contra si próprio. E, no entanto, talvez por esta sua falta de destreza, esta sua azelhice que parece congénita e saída de uma Hollywood dos tempos áureos de um Buster Keaton ou de um Laurel & Hardy, não consigo deixar de simpatizar com o "ministro Álvaro". Porquê? Porque, tal como acontece com os comediantes do burlesco, também o "ministro Álvaro" parece ser um tipo bem intencionado, até talvez inteligente, alguém que se esforça por fazer bem mas a quem, fruto dessa sua maladresse, tudo sai mal e ao contrário das que seriam as suas intenções de "bem fazer". Aliás, imagino-o mesmo um ultra-romântico, alguém que imaginou a forma ideal de se declarar à mulher da sua vida mas a quem tudo acabou por sair mal, apenas tendo suscitando um misto de comiseração e pena.

Quis conquistar os "media", manter com eles uma relação mais informal e distendida do que é hábito no formalismo de um país que ainda não há poucos anos começou a sair da pré-história das relações sociais? Saiu-lhe "o Álvaro". Quis, com razão, chamar a atenção do empresários e das empresas para as oportunidades, porventura "escondidas", que podem existir em alguns dos produtos tradicionais portugueses, contando até com uma "diáspora" que foi essencial (a italiana) na divulgação internacional das "pizzas" e da "pasta"? Saiu-lhe o "franchise" do pastel de nata. No fundo, o "ministro Álvaro" parece ser mais um tipo apanhado entre duas culturas, um académico prisioneiro de um livro que escreveu, uma figura de Sancho Pança que quer assumir o papel que por tradição pertence a Dom Quixote, do que propriamente alguém que mereça ser elevado à categoria de "bombo da festa", tantas vezes por gente que, fruto da sua "cara de pau", é capaz de dizer enormidades ou afirmar os maiores lugares-comuns com total impunidade e sem que ninguém lhes diga que vão efectivamente nus. No fundo, tal como acontece com as artimanhas do pobre "Coyote eternus famélicus e azarentus", muitas vezes até me rio de tanta maladresse demonstrada pelo "ministro Álvaro"; mas, como em tantos outros casos, sempre com a secreta esperança de que um dia apanhe finalmente o seu coyote. É que rei do burlesco é uma coisa; "gordo" da turma já me parece algo bem diferente e condenável.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro JC

Parece-me que o Álvaro (como gosta que o tratem) está mais perto do "gordo da turma". Ter tido um blog (o desmitos), cujo último post datado de 16 de junho de 2011 é centrado nos disturbios de Vancouver, e escrito um livro (portugal na hora da verdade)...não garante por si só qualquer competência para um cargo e um ministério da dimensão do que que é titulado pelo Álvaro.

Claro que não é bonito..."bater" nos (mais) fracos...mas ele tem-se colocado a geito.

Porque não franchisar também a francesinha, os ovos moles...e o cozido à portuguesa.

O Álvaro devia ter-se ficado por Vancouver (onde se calhar até estava a fazer algo académicamente interessante), ou ter-se-á "assustado" com os tumultos que por lá ocorreram ? É que por cá, muito provavelmente ainda estão para chegar.

Cumprimentos