terça-feira, dezembro 06, 2011

Ora então, é assim...

Ora então, é assim ("clarinho, clarinho, para militar perceber"). Não é a chanceler Merkel que é má como as cobras nem o presidente Sarkozy um político sem grandeza (façam favor de escolher os adjectivos). E de burros também não terão nada. O que existe, isso sim, e actualmente, é uma contradição clara entre os interesses de uma Alemanha tradicionalmente superavitária e que, portanto, nada lucra com uma inflação que leve a uma desvalorização do euro, e um conjunto de países deficitários e sobre-endividados que, claro, veriam com muito bons olhos o BCE lançasse dinheiro no mercado mesmo que á custa de algum abrandamento sobre o controlo dos preços. E das duas, uma: ou a Alemanha conclui finalmente que a manutenção da UE de da moeda única é do seu interesse e tentará resolver a crise sacrificando ao mínimo os seus interesses e tentando cavalgar o melhor de dois mundos (penso ser o que está a tentar, caminhando no arame por cima do fosso dos crocodilos); ou conclui o contrário e... puff!... os outros que se lixem. Claro que no meio de tudo isto podem existir passos em falso e erros de cálculo. Até megalomanias irrealizáveis (Hitler também pensou que conquistaria a URSS com um exército formatado para o "blitzkrieg"). Pois, mas isso faz parte da natureza humana, que costuma comandar essa coisa da política. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais um grande post com a chancela habitual de JC.

As vozes insuspeitas dos ex-chanceleres Schroder e Schmidt e até a da actual inquilina do FMI que substituiu o putativo mulherengo Strauss-Khan, são avisos “clarinhos”, passíveis de entendimento por militares, porém, temo que o governo alemão faça orelhas moucas e resista encarniçadamente no labirinto do seu “bunker” até ao final do mandato, não aproveitando o momento histórico para um “upgrade” europeu orçamental, fiscal, económico e político.

Sendo certo que existe um caminho prévio e posterior a percorrer, para além das rotativas dos BCE poderem vir a despejar papel-moeda para tapar os principais problemas, todavia os limites da precaução estão a ficar próximos da exaustão, ameaçando a própria Alemanha, um dos países que também não cumpriria os limites do défice.

Mas não bastava isto, eis que Sarkozy e Cameron, embalados e embevecidos por terem transformado a Líbia numa florescente democracia a cargo de um governo miraculosamente saído de 40 tribos do deserto, de cujo programa consta, como imperativo categórico, a imposição da “sharia”, propõem agora que a Europa embargue o petróleo iraniano, país este cujas centrais nucleares forem fornecidas pelo agora embargante França, talvez para se exonerarem do ónus do “embargo” de facto que possa ocorrer caso decidam estender ao Irão as suas aventuras bélicas fazendo aquilo que os americanos já não apostam à medida que vão retirando do Iraque e Afeganistão, goradas que foram as sua (des)aventuras que o respectivo orçamento não pode mais continuar a sustentar, mas que países a salvo de qualquer preocupação económica e não dependentes do ouro escuro como certificadamente são os embargantes podem suceder na estafeta iniciada pelos USA para bem do complexo militar-industrial aeronáutico e naval.

Podem não ser burros, “pero que los hay, los hay”.

JR

JC disse...

"Mas não bastava isto, eis que Sarkozy e Cameron, embalados e embevecidos por terem transformado a Líbia numa florescente democracia a cargo de um governo miraculosamente saído de 40 tribos do deserto, de cujo programa consta, como imperativo categórico, a imposição da “sharia”,
Ora nem mais, acrescento eu!E ainda falta ver como vai acabar o Egipto!