segunda-feira, dezembro 05, 2011

"Downton Abbey" ou a semi-desilusão

Poderia tornar-se num clássico como "Upstairs Downstairs" ou "Brideshead Revisited"? Poderia, talvez, mas falta-lhe a frescura da primeira vez vista em "Upstairs Downstairs" e a densidade, fôlego e seriedade do romance de Evelyn Waugh. Por isso resvala demasiado para a lógica narrativa da telenovela: os bons e os maus, a "pikena" que arriscou o bom nome da família (se eu fosse mulher ou gostasse de homens também o faria por aquele turco bem parecido), o criado fiel que coloca a honra, sua e da família a quem serve, acima de tudo na vida, mesmo os amores e desamores, o rapaz rejeitado, primeiro, e que depois já o não é, estropiado da guerra e depois (esperem que vão ver) já nem tanto assim, as irmãs boas (em todos os sentidos) e a outra nem por isso (também de modo abrangente), a "pikena" "desalinhada" que se apaixona pelo "chauffeur" e assim sucessivamente. Quem conhece a História inglesa do século XX calcula o que aí virá: a "pneumónica", as mudanças (ainda relativamente tímidas) do pós-guerra na sociedade de classes, a greve geral de 1926, o "crash" da bolsa e a depressão com todas as suas consequências. Para além disso, temos os actores demasiado em piloto automático.

Digamos que a reconstituição de época e algum cinismo de Maggie Smith vão chegando para nos entreter, mas longe, muito longe, dos que citei ou, até, de "Foyle's War" "The Cazalets", "The Camomile Lawn", "Portrait of a Mariage" e mais alguns outros.

1 comentário:

Teresa disse...

Parece-me que estamos no mesmo comprimento de onda.
Oq ue lhe pareceu isto? (se viu o episódio)

http://gotaderantanplan.blogspot.com/2011/12/jumping-shark.html