quinta-feira, outubro 06, 2011

Em louvor do Serviço Nacional de Saúde - um pequeno caso pessoal

Uma pequena história para os que se dedicam a dizer "cobras e lagartos" do SNS.
  1. Decidi, passados uns cinco anos desde os últimos exames médicos rotineiros, ser hora de reincidir. Falei para o meu Centro de Saúde (Stª Isabel - São Mamede) e, telefonicamente, marquei sem qualquer dificuldade consulta para o meu médico de família, aí para uns três ou quatro dias depois. Nesse dia, esperei cerca de meia-hora pela consulta (como termo de comparação, quando os meus filhos eram crianças costumava esperar a tarde inteira por uma consulta privada num dos pediatras mais conceituados de Lisboa), que me custou pouco mais de dois euros, e vim de lá com "credenciais" para as análises "do costume" e ainda para uma ecografia abdominal, para ver se estava tudo bem nas "partes médias e fundengas (ou pudibundas)". Tive ainda o cuidado prévio de lembrar ao meu médico de família que, sendo um defensor do SNS, fizesse o favor de me prescrever apenas o que achasse essencial, para não gastar dinheiro ao Estado sem necessidade absoluta.
  2. No dia seguinte (uma 6ª feira), falei para um laboratório de análises privado, com o qual o SNS tem acordo e local onde também fazem ecografias, e só não fui lá na 2ª feira seguinte porque era para mim inconveniente. Mas marquei para hoje, 5ª feira. Realizei os exames, a médica que me fez a ecografia disse logo estava tudo nos conformes (as "partes médias e fundengas") e as análises estarão prontas na próxima 2ª feira. Por todos estes exames paguei a ridicularia de €10.30. Não me importaria, e até acharia correcto, ter pago um pouco mais.
Moral da história? Acho os portugueses não dão valor ao que têm... Nem quando é excelente.

11 comentários:

ié-ié disse...

Também eu não tenho quaisquer razões de queixa do SNS e do meu Centro de Saúde, o de Sete Rios. Um exemplar modelo! E como estou isento das taxas moderadoras, é tudo gratuito! Há 5 anos que sou "cliente", digamos, regular, e não tive ainda necessidade de pedir o Livro de Reclamações. Infelizmente não há Livro de Elogios!!!

LT

JC disse...

Só c/ um pequeno problema: tanto quanto sei, não deverias estar isento.

Anónimo disse...

O problema é ser tão bom! Isso significa encargos altissimos para todos os contribuintes. Somos um país pobre mas com um sistema de saúde optimo, o problema é que o óptimo é caro! Secalhar, se os exames rotineiros fossem feitos não no dia seguinte mas 1 mês depois, n era preciso pagar tantos impostos. Já para n falar nas ridiculas taxas moderadoras, que na verdade não moderam nada, já que não refreia em nada as pessoas de ir ao hospital ao primeiro sintoma de constipação!

JC disse...

1. Não somos um país pobre. Esse é um mito do salazarismo que se eternizou. Somos o menos rico dos ricos.
2. Concordo consigo quanto às taxas moderadoras e refiro-me a isso no "post" quando digo deveria ter pago mais. Mas atenção: grande parte das pessoas que utiliza o SNS inadequadamente (os menos escolarizados e/ou mais velhos, com menores rendimentos)já estão isentos de taxa, pelo que o aumento (que defendo)das taxas só em parte resolverá alguma coisa. É preciso tb rever o sistema de isenções. Para além disso é preciso rever o modo como está organizado. Para isso, recomendo uma leitura das ideias de Correia de Campos, o melhor ministro da Saúde de sempre.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Seria erro capital destruir o SNS com provas dadas em termos de saúde pública, tendo levado Portugal aos maiores patamares europeus, nomeadamente, em termos de taxa de mortalidade infantil.

A doença do SNS será uma obesidade mórbida que pode ser controlada com uma dieta adequada, em vez de matar o doente à garupa das ideologias neo-liberais, agentes patogénicos estes cujos efeitos patológicos estão bem à vista nos países que se deixaram infectar por estes.

Seguramente haverá lugar a reorganização e correcções.
A aposta nos medicamentos genéricos, a venda destes por unidades, a redução de certas margens excessivas, maior concorrência e liberalização no sector das farmácias, um maior controlo na prescrição ( não prescrever uma caixa de antibióticos por cada espirro ), são por si um grandioso contributo para o controlo da despesa.

Um bom diagnóstico do SNS e uma terapia adequada que não passe pela eutanásia do mesmo é o que se exige, ainda mais quando o País atravessa uma fase muito crítica conduzindo muitas pessoas ao limiar da pobreza.

JR

JC disse...

Claro que estou basicamente de acordo, caro J.R. O SNS, esse sim, é uma verdadeira "conquista de Abril" c/ provas dadas e resultados obtidos.Mas presisa de reorganização e racionalização. Pena Correia de Campos não ter podido levar o seu trabalho até ao fim.
Cumprimentos

ié-ié disse...

Porque não deveria estar isento? Que sabes tu, JC?

Acho que perdeste uma boa ocasião para estar calado...

LT

JC disse...

Eu disse, "tanto quanto sei". Portanto, salvaguardei pudesse ignorar dados importantes.Sabes ler e és um gajo culto, portanto não vejo razão para não interpretares correctamente o que disse. Tanto quanto sei:-)
Abraço

ié-ié disse...

Sabes muito mal - é tudo o que tenho para dizer...

LT

Anónimo disse...

Tinha e tenho muita vontade de comentar da pertinência de certas isenções. Correía de Campos tinha razão.
Não digo mais porque é de mau gosto intrometer-me em conversa alheia.

JB

JC disse...

A caixa de comentários está aqui para que se intrometam. Pode fazê-lo à vontade, portanto.Quanto a Correia de Campos, claro que estou de acordo consigo.
Cumprimentos