quarta-feira, maio 04, 2011

Profissionalismo!

Podemos gostar muito, pouco ou nada de José Sócrates, odiá-lo ou achar que é o "guia supremo", mas uma coisa será impossível negar, mesmo pelos "anti-sócratistas" mais empedernidos: o extremo profissionalismo com que geriu todo este processo do PEC IV e do resgate externo. Sabendo, depois do discurso de posse do Presidente da República (ou até desde o célebre e infelizmente tão esquecido episódio das escutas), que as eleições antecipadas eram inevitáveis, José Sócrates definiu um objectivo bem preciso (eleições, sim, mas no momento e nas condições mais favoráveis e ditadas pelo PS) e desenvolveu um guião, uma estratégia e plano de acções, que cumpriu à risca, sem se desviar um milímetro do que realmente lhe importava. Colocou o PSD em dificuldades internas e perante as instâncias europeias quando da apresentação do PEC IV, responsabilizando o partido de Passos Coelho pelo seu "chumbo" e afastando Cavaco Silva do processo; organizou um congresso do PS demonstrativo de força e unidade; ofereceu ao "joker" Ferro Rodrigues o lugar de maior destaque nas listas do partido; deixou que os "media" e os economistas-militantes do "plano inclinado" caíssem na esparrela, pouco importa se com a ajuda ou não de falsas informações "sopradas" pelo governo, do catastrofismo e do anúncio de hipotéticas medidas emblematicamente mais penalizadoras, vendo a árvore e esquecendo a floresta; e, por fim, no momento certo, depois do PSD se ir desgastando saltando de disparate em disparate e dando mostras de falta de coesão interna, anuncia um acordo que todos consideram vantajoso e prova que fez bem em adiar o recurso ao resgate externo: sem os problemas sofridos por Grécia e Irlanda e o que se aprendeu com tais erros, dificilmente Portugal conseguiria obter um acordo tão favorável. Digamos que cortou orelhas e rabo e sai em ombros pela porta grande, deixando na arena um PSD estonteado sem perceber muito bem que camião lhe passou por cima. Uma grande faena!

Nota: Nunca o PSD deveria ter designado Eduardo Catroga para responder ontem à comunicação ao país de José Sócrates. O assunto era político, e Catroga é muito mais um economista do que alguém com a enorme experiência e expertise política que a tarefa requeria. Mais, tem-se deixado enredar demasiado nas teias do anti-sócratismo mais radical e o momento exigia alguém com a postura de estadista de um... Paulo Portas. O problema é que olhamos para o PSD e só vemos... Miguel Relvas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

Não utilizaria o termo profissionalismo, talvez o de marketeiro (com acento pejorativo).
Penso até que aproveitando a embalagem do Barça-Real poderia ter ido mais longe ao comunicar que o glorioso venceu o campeonato deste ano. Eu ficaria convencido.

Cumprimentos


PS: Quanto ao Catroga...de facto o homem dever-se-ia limitar aos bastidores...mas concordo consigo que olhando à volta se vê um relvado com Relvas de horrorosa qualidade

JC disse...

Só uma nota: As pessoas gostam mtº de utilizar o termo marketing s/ conhecerem bem do que se trata e em sentido pejorativo. Cuidado com tal coisa. Marketing é uma essencial ferramenta de gestão, melhor, uma filosofia de gestão que coloca o consumidor como foco essencial das acções.
Cumprimentos