sábado, maio 21, 2011

O debate e a vitória de Passos Coelho na sondagem

Penso que pela primeira vez se realizou ontem em Portugal uma sondagem destinada a "medir" o impacto de um debate político entre candidatos a primeiro-ministro junto do eleitorado, algo que já por mim (e certamente por outros) tinha sido sugerido para não ficarmos apenas com o "achismo" de comentadores, jornalistas, politólogos, "bloggers" e ofícios correlativos. Neste caso, os resultados da sondagem deram a vitória a Pedro Passos Coelho, o que confirma a opinião da maioria que assistiu ao debate incluindo a daqueles que, estando porventura mais próximos do campo ideológico do PS, conseguem ter o distanciamento suficiente para uma análise com alguma independência.

Tendo em atenção que a grande maioria dos espectadores (conforme aqui afirmei) apenas tem capacidade para apreender e recordar dois ou, no máximo, três elementos fundamentais de cada debate e que assumem importância decisiva para o modo como formam a sua opinião (para além do seu posicionamento ideológico, claro) elementos genéricos tais como "empatia" e "simpatia", "imagem", "comportamento", etc, quais teriam sido, em minha opinião, as razões fundamentais para a vitória de Passos Coelho?  Bom... vamos lá tentar um exercício do tal "achismo" embora, neste caso, já saibamos quem ganhou"".

Penso que talvez pela primeira vez, desde o início da campanha, Passos Coelho conseguiu passar a mensagem de uma mudança, talvez mesmo de um corte, mas efectuado e comunicado de forma tranquila e segura, conseguindo afastar os fantasmas do ultra-liberalismo de Carrapatoso, do estilo radical e trauliteiro de Catroga, da imagem de estudante-marrão de Moedas, dos disparates e da antipatia de Leite de Campos ou da imagem burgessa de Relvas. Conseguiu ser firme, mostrou-se pouco hesitante (a TSU foi o calcanhar de Aquiles mas José Sócrates não esteve aqui melhor), surpreendeu positivamente quando se esperaria o contrário (e isso sempre favorece quem o consegue, tal como acontece com os "tomba-gigantes da Taça) e terá projectado uma imagem de "refreshment" face a um José Sócrates já demasiado conhecido, mais nervoso do que é hábito e insistindo nos três ou quatro temas habituais desde o início da pré-campanha: se focar o discurso político, fundamentalmente, em três ou quatro pontos simples ajuda a passar a mensagem - tal como aqui tinha afirmado - esses temas, pela sua repetição durante um período já demasiado longo e de grande exposição mediática, revelam algum cansaço e transmitem um sinal pouco inovador. E foi essa a imagem essencial que José Sócrates "passou": cansaço, na imagem e no discurso, num país ele próprio também já cansado e sobrecarregado de preocupações. Assim sendo, e se nada de muito extraordinário acontecer nas próximas duas semanas, bem me parece que Pedro Passos Coelho terá ontem assegurado a vitória do PSD no próximo dia 5 de Junho.

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