quinta-feira, maio 12, 2011

A bandeira do Parque Eduardo VII

De cada vez que passo no Marquês de Pombal - e passo muitas - penso em escrever isto; mas, por uma ou outra razão, acabo sempre por deixar para outra circunstância. Fica para hoje.

Acho que foi Santana Lopes (who else?...) o da ideia de hastear aquela gigantesca bandeira pátria no alto do Parque Eduardo VII, o que, para começar, seria já razão para demonstrar uma enorme falta de criatividade e espírito inventivo, uma vez  que tal mais não é do que copiar a igualmente enorme bandeira de Espanha existente na Plaza Colón. Só que se existe uma lógica para esta prática espanhola, bem me parece ela está completamente ausente da cópia portuguesa. Vejamos...

Madrid tornou-se capital (era pouco mais do que uma aldeia de transumância), no centro da Península, com o Império Espanhol e como seu símbolo, e Colón (Colombo) é sem dúvida o expoente máximo da expansão ultramarina de Castela e Aragão. Aliás, o dia da chegada de Colombo à América é mesmo celebrado em Espanha como Dia da Hispanidad (feriado nacional). A Plaza Colón e a sua bandeira, à sombra da qual se pretende se acolham as nações do antigo Império, é, pois, o símbolo dessa mesma Hispanidad numa Madrid que sempre pretendeu simbolizar o centralismo num Estado multinacional como sempre foi a Espanha imperial e é hoje a Espanha das nacionalidades. É esta a lógica, e seria melhor talvez compreendê-la antes de "macaquear" uma ideia... Esta ou qualquer outra.

Tendo disto isto, não me parece esta lógica, concordemos ou discordemos dela, se possa aplicar a Portugal, e se alguma razão (não vejo qual) pudesse existir para que que se hasteasse bandeira semelhante, copiando Espanha, ela deveria então estar ali para os lados de Belém, na Praça do Império (por exemplo), e não no alto de um parque com nome de rei do rival Império Britânico. Simpático, mulherengo, bon-vivant e primo dos últimos reis de Portugal (eram todos eram Saxe-Coburgo); mas sem nada mais que justifique lhe ponham lá um mega-símbolo da República, do país e da "ditosa pátria", que é expressão que me causa engulhos.

Nota: para quando a retirada daqueles enormes "outdoors" publicitários da Praça Marquês de Pombal, perfeitamente desajustados no local? (Como têm normalmente propaganda partidária, espero não me acusem de promover a censura...).

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