quarta-feira, abril 20, 2011

Monarquias burguesas?

Durante séculos, os casamentos entre monarcas eram assuntos de Estado, de estratégia e alianças políticas, e entre as grandes famílias da aristocracia principalmente questões patrimoniais e de poder. A existência tolerada de amantes preenchia o vazio afectivo e sexual criado por essas uniões de interesses. O casamento romântico e burguês, por amor, esse data do XIX e não ficou também imune às mesmas vicissitudes, inclusivamente ligando alguma aristocracia em declínio aos primeiros descendentes da burguesia endinheirada.

No século XXI, quando as monarquias e o que resta do poder aristocrático podem começar a parecer aos olhos de muitos como anacrónicos, as alianças tendem a realizar-se através do casamento entre futuros monarcas e plebeus (ou plebeias), tendo como objecto inconfesso o reforço da legitimidade popular monárquica. Resta saber se tal estratégia, certamente destinada a ser bem sucedida no imediato, não levará a alguma perda de identidade das monarquias no longo-prazo, como me parece já acontecer nas "monarquias burguesas" do norte da Europa, e, logo, ao seu lento declínio.

2 comentários:

Karocha disse...

Bingo JC!
E mais não digo...

JC disse...

Obrigado pelo elogio, mas hoje nem isso me dá boa disposição. Boa Páscoa.