sexta-feira, abril 15, 2011

Candidaturas independentes? Por norma um mau negócio.

Que tem de novo a apresentação de independentes pelas listas do PSD para as eleições legislativas? A resposta é simples, já que a apresentação de candidatos independentes por parte de PS e PSD (e não só) tem acontecido com frequência em anteriores eleições para o parlamento: apenas o facto de Carlos Abreu Amorim, Francisco José Viegas e Manuel Meirinhos (Fernando Nobre é um caso muito diferente, já aqui analisado) surgirem como "cabeças de lista", o que reforça a sua notoriedade e, logo, a sua função de angariar votos fora do habitual leque de votantes no partido. Nada de ilegítimo, portanto: a sua estatura intelectual, coerência e  preparação políticas são conhecidas e em democracia o governo decide-se pelo voto popular, que é necessário conquistar por via do combate político e ideológico.

Aqui chegados, convém, no entanto, notar algo de interessante: não me lembro de, uma vez eleitos, a actuação da maioria dos independentes (os tais oriundos da "sociedade civil") ter sido real e inteiramente bem sucedida - ou sequer perto disso. Por exemplo, nas últimas legislaturas o PS (e para que não digam só falo do PSD) elegeu Vicente Jorge Silva, Inês Medeiros, Mª do Rosário Carneiro, Teresa Venda, Matilde Sousa Franco e Miguel Vale de Almeida (e já não vou ao tempo de Sophia Mello Breyner Andresen pelo PS ou de Pulido Valente pelo PSD...). Por certo, estarei ainda a esquecer alguns outros. De todos estes, parece-me que talvez apenas no caso de Vale de Almeida, eleito com base numa agenda política muito específica (o casamento entre pessoas do mesmo sexo) se pode falar de alguém com um papel, de certo modo, melhor conseguido no trabalho parlamentar. Mesmo assim, esgotada essa agenda tratou, de imediato, de renunciar.

Que quero pois dizer com isto? Enfim, que nem tudo o que luz é oiro e que neste "trade-off" entre candidaturas partidárias e a tal "sociedade civil" talvez se percam bons comentadores, razoáveis comunicadores, activistas empenhados e agentes culturais reconhecidos em favor de parlamentares apenas medíocres. Um mau negócio, portanto.

Sem comentários: