terça-feira, março 22, 2011

A tal "broad coalition for change" e o cenário pós-eleitoral

Bom, não sei a quem cabe a maior quota-parte de responsabilidade pela inexistência de uma coligação de governo ou, pelo menos, de um acordo com incidência governamental. Sei que tendo o PS ganho as últimas eleições legislativas apenas com maioria relativa, deveria ter sido este partido, no pós-eleições e com o apoio da Presidência da República, a esgotar todas as soluções para que tal acontecesse e o país não ficasse literalmente à mercê de um governo fraco numa situação de grave crise. Se ambos, o PS e o PR, o fizeram ou não é algo que desconheço. Esgotou-se nessa altura o “momentum” e, agora, ponto final.

Mas não tendo sido tal possível, deixem-me dizer que também me parece altamente improvável e suicidário que depois de novas eleições, com a mais do que previsível vitória do PSD de Passos Coelho, um PR adverso e na sequência de todo um processo em que as posições se extremaram do modo que conhecemos, e caindo o governo por acção directa do PSD, o PS aceite integrar um qualquer governo de coligação à sua direita, ou sequer conceder o seu apoio, explícito ou implícito, a um tal tipo de solução governativa. Seria algo demasiado desequilibrado, e até talvez humilhante para se tornar aceitável.

Por isso mesmo, alguns apelos nesse sentido vindos de personalidades do centro-direita (Mira Amaral, por exemplo, mas não só) me parecem constituir um autêntico “canto de sereia” destinado a atrair o PS para uma agonia provável de encontro aos rochedos. Mais avisado, Pedro Passos Coelho já definiu, bem a atempadamente, o que entende pela tal “broad coalition for change”: PSD, outros partidos (CDS, claro) e independentes vindos dessa mesma área ideológica. Estejamos ou não identificados com com tal área ideológica, pelo menos uma solução desse tipo é algo de clarificador e que cai no domínio do possível, e não um puro e simples devaneio. E do que o país menos precisa é de quimeras.

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