sexta-feira, janeiro 14, 2011

Futebol: o mercado de Janeiro e a mulher de César

Por mais de uma vez tenho manifestado neste “blog” a minha oposição à legislação (por existência ou omissão) que permite o empréstimo de jogadores a clubes que disputam a mesma competição na época a que esse(s) empréstimo(s) se refere(m). Permitir que jogadores actuem contra os clubes com os quais têm contrato, ou apenas o não possam fazer nesses mesmos jogos, e autorizar que, por esse meio, alguns dos clubes financiem, de facto, outros, falseia (e deixem-me utilizar uma expressão tão cara ao inenarrável Rui Santos) a “verdade desportiva” . Ultimamente, o sempre interessante “site” Futebol Finance veio em meu socorro, e nas suas “10 medidas para clarificar as finanças do futebol e fomentar a competição” (não estou de acordo com todas elas, digo desde já, mas são uma excelente contribuição) sublinha: “As federações de futebol não devem permitir o empréstimo de jogadores a clubes do mesmo escalão do clube que detêm os direitos desportivos ou económicos do jogador”.

Tendo dito isto, penso que a proibição deve ser estendida às contratações no mercado de Janeiro, não permitindo, num período em que as competições estão em curso, a mudança de jogadores entre clubes do mesmo escalão ou que estejam ainda a disputar nessa época as mesmas competições. Evitar-se-iam assim situações potencialmente menos claras como a protagonizada pelo meu clube na contratação de um tal Jardel ao S.C. Olhanense antes de disputar uma eliminatória da Taça de Portugal contra esse mesmo clube. É a tal história da mulher de César...

Nota final: não me lembro de ter visto nenhuma das virgens ofendidas com o caso ter tido reacção semelhante em outras ocasiões protagonizadas por diferentes clubes, mormente pelo FCP.

6 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

A mulher de César, ao que consta, é a Diana.

JC disse...

Bem achado!

Vic disse...

Meu caro JC

Cada vez acho estas conversas sobre o futebol indígena mais folclóricas. Critica-se muito aqueles programas televisivos com paineleiros, mas depois vamos ver, e os jornais, blogs, fóruns e por aí fora, seguem na mesma direcção.
Na verdade, em tudo o que se lê, a preocupação é levantar suspeições (que por vezes até se vem a verificar terem razão de ser).
Mas depois não se faz nada. Ou muda.se qualquer coisa para tudo continuar na mesma, conforme escrevia Lampedusa.
Há quantos anos escreveu o Marinho Neves o "Golpe de Estádio", que a única coisa que lhe rendeu foi uma valente tareia a mando do Papa do Porto? E quando Dias da Cunha denunciou o sistema pondo-lhe nomes e tudo, quem o apoiou? Recorda-se que na altura os responsáveis do SLB (curiosamente os mesmos de hoje) entretidos noutras manobras, fizeram ouvidos de mercador e os poucos que ouviram disseram que o homem estava velho e senil?
Agora, no caso em apreço, nem sequer vejo qual a anormalidade do caso uma vez que é prática tão corrente que o que me impressiona é ainda haver comentários a situações como esta. E nem sequer vejo grande diferença entre fazer-se, por exemplo, um empréstimo (no caso foi venda) a nesta altura ou no princípio da época.

Já agora, e porque li há uns dias um seu comentário sobre a ida de Azenha para o Portimonense ligando-o ao FCPorto, quero lembrar-lhe que o Azenha foi adjunto do Toni e do Jesualdo Ferreira, que foi quem o levou para o norte, e que ele depois deixou de coadjuvar por querer iniciar a carreira de treinador principal. Portanto, querer conotá-lo com o FCP parece-me um pouco forçado, não?

Abraço

JC disse...

Mas, meu caro VdeAlmeida, talvez v. não tenha entendido bem ou eu não me tenha feito entender: o que proponho neste meu "post" é uma regulamentação que impeça situações como agora a que se passou c/ a contratação do tal Jardel pelo o SLB. Não estou, portanto, a defender o meu clube. Antes pelo contrário: proponho regulamentação que impeça situações que considero anómalas e prejudiciais à tal verdade desportiva, como um jogadoe defrontar a equipa c/ a qual tem contrato ou mudar de clube, a meio da época,para outro que dispute a mesma competição. E como pode tb ler, no caso de empréstimos proponho mesmo a sua eliminação pura e simples a clubes que disputem a mesma competição, seja no início ou a meio da época. Resumindo: empréstimos: proibidos a equipas que disputem as mesmas competições. Contratações no mercado de Janeiro: proibidas entre equipas nas mesmas condições. E sempre tenho por aqui defendido tal coisa, independentemente dos clubes em causa. Quanto a Azenha, admito o exagero. Mas o futuro confirmará ou não o que disse. Ah, e claro que Dias da Cunha tinha razão, mas depois dele o seu SCP tem seguido uma estratégia de subordinação ao FCP.
Abraço

Vic disse...

Meu caro

O meu clubismo não significa seguidismo em relação aos seus dirigentes: umas vezes estou de acordo com eles, outras não.
Não me agrada, muitas vezes, o silêncio a que se remetem, mas também não me agradaria nada que servissem de apêndice a algumas manobras nebulosas da direcção do SLB. O que se passou na época passada evidencia que os propósitos e modos de actuar dos dirigentes dos 2 clubes (SLB e FCP) afinal não difere muito. É só ver o que se passou naquele campeonato que o Sporting perdeu por causa da derrota com o Paços de Ferreira com um golo marcado com a mão, e mais umas quantas arbitragens vergonhosas. Quais os dirigentes do Benfica se pronunciaram, indignados, contra tal situação? Nenhum.
E quando o Benfica ganhou aquela taça da liga em que o Sporting foi espoliado de forma vil? Falaram? Não, antes pelo contrário. Veio aquele inefável senhor da comunicação do SLB dar uma conferência de imprensa com a dita taça á frente, a provocar o SCP e os seus adeptos.
Isto é, fala-se e quer-se o apoio dos outros quando nos toca a nós. Mas com o mal dos outros podemos nós bem.
Sabe-se como o FCP ganhou muitos campeonatos nos anos 80 e 90. Toda a gente sabia como se movimentava o polvo do norte e toda a gente sabia das histórias dos chitos. Nessa altura, quantas vezes se ouviu o senhor Vieira pronunciar-se acerca disso? Nenhuma! Pudera, era amigo da Papa!
Não concordo que haja subordinação em relação ao FCPorto. É verdade que o silêncio dos orgãos sociais do SCP, muitas vezes, faz com que assim pareça,e é essa uma das situações que me desagradam. Mas toda a gente já viu que Bettencourt - que deve ter algumas virtudes - é uma nódoa em matéria de comunicação.
E quanto ao assunto do post, entendi muito bem. Mas meu caro, se em Inglaterra, que tem fama de ser o país do fair-play, se faz a mesma coisa, cabe na cabeça de alguém que cá nos armássemos em santos e fizéssemos diversamente? Não é bonito? Não. Mas como é legal...

Abraço

JC disse...

1. Bom, quanto à tal final da Taça da Liga até pedi aqui desculpa aos "lagartos" e apresentei vídeos de outros golos igualmente ilegais e que decidiram campeonatos, inclusivamente a "mão de Vata" que beneficiou o meu clube.
2. Terá que ser a UEFA a legislar no sentido que defendo. Penso que mais tarde ou mais cedo o fará.
3. Quanto a críticas a LFV e algumas actuações suas, acho que o que tenho escrito neste "blog" é "self explanatory". Ou não será assim?
Abraço