domingo, janeiro 16, 2011

A demissão de J. E. Bettencourt e algumas considerações de um "lampião" sobre o momento dos seus amigos e rivais "lagartos"

Conforme por aqui, aqui e aqui fui afirmando, os objectivos e estratégia do SCP para o seu futebol - ser o segundo clube português em resultados desportivos (objectivo alcançado na primeira década do século XXI) aproveitando as “migalhas” deixadas cair pelo FCP (umas Taças de Portugal e da Liga e dois campeonatos nacionais), a péssima gestão desportiva do meu “glorioso” e baseando a sua política de recursos humanos na formação com uma ou outra contratação adicional - , embora adequados face à incapacidade do clube para gerar receitas significativas e à sua diminuta capacidade de endividamento, apenas poderiam surtir efeito enquanto o SLB não melhorasse a sua gestão desportiva e Portugal fosse conseguindo “meter” dois clubes directamente na Champions League, duas condições que o SCP não poderia dominar. E quem confia essencialmente em erros alheios e cenários que dificilmente pode influenciar...

Perante a mudança das premissas em que assentava a estratégia assumida até então, a direcção presidida por JEB mudou de rumo, tentando, com um orçamento bem menor , competir “taco a taco” com SLB e FCP. É uma estratégia sem sentido, que, como tal, levou o clube a cometer enormes erros nos seus planos de acção, quer na área de recursos humanos (contratações erradas ou sem qualidade quando comparadas com as de SLB e FCP) , quer na estrutura dirigente da SAD (Costinha, Paulo Sérgio, Couceiro e organização e definição de funções) ou na desvalorização da “marca” (venda do passe de Moutinho à concorrência). Centrar as críticas nestes (vamos chamar-lhes assim) “efeitos de realidade”, sem perceber a incorrecta definição de objectivos e a estratégia errada que está na sua base, é ver apenas a parte emersa do iceberg, o que conduz ao naufrágio e levará os meus amigos “lagartos” a centrarem a sua análise em “nomes” de futuros candidatos à substituição de JEB sem cuidarem de saber aquilo que é essencial: o que pode ser o SCP, em função do seu “heritage” mas tendo muito em conta as circunstâncias actuais, internas (fraca capacidade de atracção de adeptos, incapacidade para gerar receitas e endividamento) e externas (cena futebolística muito polarizada entre SLB e FCP; segundo clube de uma cidade onde a autarquia, ao contrário de outras, não se assume como “dona” do clube; economia em recessão e crédito dificultado)? É para esta pergunta que os sócios e adeptos “lagartos” terão que encontrar uma resposta antes de se lançarem na lotaria do “toto-presidente”. Eu, metendo a minha foice benfiquista em seara alheia e face às ameaças que SC Braga e VSC (essencialmente estes) representam para os ""lagartos, sugiro que, antes de tudo o mais, o SCP trate de consolidar a sua posição enquanto terceiro clube português, partindo dessa posição, depois de consolidada, para, de quando em vez, tal qual fez o SC Braga na época transacta mas com maior frequência, se intrometer na luta entre SLB e FCP. É duro? Provavelmente, mas é a realidade. E o que tem de ser tem muita força!

5 comentários:

Vic disse...

Meu caro JC

Sem querer de momento comentar o conteúdo da mensagem, quereria fazer um reparo:
dado que se refere aos adeptos do meu clube como "lagartos" no título e em todo o texto, não seria lógico que o título do texto fosse "A demissão de J.E. Bettencourt e algumas considerações de um "lampião" sobre o momento dos seus amigos e rivais "lagartos"?

JC disse...

Sim, vou mudar. Obrigado

Anónimo disse...

A minha dúvida, Caro JC, versa sobre a existência de uma qualquer estratégia ( não confundir com mera retórica), excepto a de JEB se tornar o único presidente remunerado ( e principescamente) do historial do SCP, estratégia em que se revelou um verdadeiro vencedor.

Com efeito, depois de“Paulo Bento forever ( and ever)”, a venda de um promissor capitão a um competidor directo, então promovido a “maçã pôdre”, ( uma descoberta para a ciência económica do marketing em ordem à promoção e valorização de prime assets” usando psicologia reversa ), a escolha de um director desportivo obcecado com “dress codes” incompatíveis com proletários “blue collar” de mangas arregaçadas nos trabalhos de Alvalade, sem experiência alguma nesse mister, certamente muito mais dotado para director ( e manequim) da secção de luxo da “Marks & Spencer”( o único pormenor de excelência que se nota naquelas bandas), três treinadores em tão curto mandato num crescendo de menor valia, não satisfeito, mais um treinador agora nas vestes “white collar”de Director-Geral, para não falar nas dispensas de valores seguros do clube, como Veloso e Tonel, o “bullying” ao jogador russo, as geniais aquisições ...etc etc., sou levado a pensar que, a existir um estratégia, esta só podia ser a de conduzir o Titanic a todo o vapor de encontro ao iceberg emerso, missão que, pela sua audácia ,só pode merecer uma pré- remuneração por excelência ou prémio de resultados futuros ( coisa muito em voga nos dias que correm).

E dúvidas restassem, apesar de eleito por uma esmagadora maioria,JEB decide abandonar o barco com uma rapidez superior à dos ratos, causa-efeito de uma derrota, como um reflexo de Pavlov, sem se dignar sequer a convocar os órgãos sociais para uma exposição de motivos a demonstrar nem que fosse uma réstia de fidelidade e/ou solidariedade por quem tão maioritariamente o elegeu e remunerou, antes privilegiando uma “cacha” inesperada aos “paparazzi” acidentalmente em serviço no local, com umas parcas e ocas palavras de amuo, como se extemporaneamente saído de um “night club” depois de uma discussão com o “barman”sobre a conta dos copos.

Seria de esperar que, perante tal inopinado acontecimento, as faces dos demais circunstantes e responsáveis (?) espelhassem consternação e preocupação com o futuro do clube.
Mas, pasme-se, o que se viu foi uma enternecedora fotografia, de grupo precedida de muitos beijinhos e saudações, como se o clube acabasse de conquistar a Liga dos Campeões Europeus, onde só faltou“confetti” e rolhas chamapanhe, ao som dos compassos da orquestra do Titanic e a vogarem sobre as cabeças daqueles que, aristocráticas e omnipresentes figurantes do clube. não deixarão de se colar ao presidente vindouro ( enquanto os resultados forem dando “rating”).

E, salvo um milagre a rimar com o seu post acima "Pennies from Heaven", assim vai o leão atrás de um Belenenses ( e, temo muito, uma águia atrás do leão) para depois também um dragão acabar a definhar por falta de um ecossistema competitivo.

Valha-nos a “Premierleague”e o futebol americano NFL cuja Superbowl está aí à porta e onde os “play-off” estão de arromba.
(hoje mesmo às 18 H e 21:30 - ESPN America, recomendo).

A globalização pode ser um “must”.

JR

JC disse...

Mas o SCP-Paços de Ferreira foi um bom jogo de bola. bem melhor que o AAC-SLB de hoje. Pena os demasiados erros de arbitragem nos 2 jogos: ontem um penalty fantasma e outro não assinalado e hoje um golo irregular e pelo menos um penalty não assinalado a favor do SLB (ou talvez dois...). Maus árbitros.

Anónimo disse...

Sem dúvida alguma que foi um bom jogo, sobretudo o do Paços que muito surpreendeu.

Por falar em erros de arbitragem vale a pena ver o futebol americano NFL, como recomendei, só para ver os árbitros a justificar ao público por microfone as faltas cometidas e os respectivos infractorres, além de recorrerem ao vídeo oficiosamente ou após "challenge" da equipa lesada.

O espectador tem assim a garantia que vai apreciar um espectáulo ciente que o seu investimento no bilhete não será defraudado por árbitro algum.

Assim como em democracia as decisões de um julgador são obrigatoriamente fundamentadas de direito e de facto e tornadas publicas, sendo admissíveis provas com recurso a meios tecnológicos, no desporto,nada viria de mal ao mundo se, sempre que possível, também assim fosse, o que já acontece no rugby, no ténis, atletismo e natação etc.

Todavia as organizações que tutelam o futebol ainda hoje apostam na ditadura do apito e em manter os árbitros com os mesmos meios desde a pré-história do futebol. As equipas inglesa, americana,irlandesa, portuguesa, foram grandes vítimas de erros no âmbito do último Mundial. Muitas mais se seguirão.

Evitável e lamentável.

JR