quinta-feira, novembro 04, 2010

A "martelada"

Parece que foi ao neo-deputado do BE José Gusmão que ouvi uma referência no debate sobre o Orçamento de Estado às “marteladas” a que o documento teria sido sujeito por Teixeira dos Santos para manter o “déficit” nos valores previstos, depois deste ter apresentado a tal errata onde se inscreve um agravamento da despesa na ordem de 830 milhões de euros. Bom, sobre tal “errata” já muita gente se pronunciou... Deixem-me apenas sublinhar, com ironia, o facto de o deputado do BE ter utilizado nas suas críticas um termo (“martelada”) claramente retirado do jargão do “management” empresarial, onde é utilizado em circunstâncias semelhantes.

Duas notas:

  1. Do modo como se apresentou, não estou a ver alguém numa empresa organizada tivesse sequer coragem de sugerir tal “martelada”, muito menos a pudesse propor a quem quer que fosse como um exercício de gestão normal e aceitável. Por não existirem? Nada disso: como afirmei, o termo até é de utilização corrente nas empresas, e em circunstâncias semelhantes, e até passei por uma onde, numa manifestação bom humor, o objecto inspirador (martelo) tinha mesmo existência física dentro de uma daquelas vitrines “partir em caso de necessidade”. Mas, claro, requere-se uma bem maior dose de subtileza nas propostas e de segurança nos resultados.
  2. Seguindo o exemplo do deputado Gusmão, estou bem a ver um dia destes os deputados do CDS socorrerem-se, em pleno debate parlamentar, daquelas coloridas frases maoístas que nos habituámos a ler (assim o[a]s senhores[a] da minha idade, claro) nos cartazes do MRPP do pós-25 de Abril, do tipo “o povo elevará bem alto a bandeira da luta contra o governo “vende-pátrias”. Ou será que o Presidente da República, em tal caso, viria a terreiro, no “Facebook”, manifestar a sua repulsa pelo tom tão pouco elevado do debate?

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

No estado em que estamos se calhar só lá vamos "à martelada" (em sentido literal).
Uma república de bananas...sem as ditas.
E já agora porque não usar também um daqueles slogans do pós 25 de Abril: "Os ricos que paguem a crise".

JC disse...

república das Bananas é na Madeira; em todos os sentidos! Mas enfim, tb tem excelentes vinhos: um bom Madeira é insuperável. Recomendo uma visita ao Artur Barros & Sousa para provar o seu Terrantez, embora alguns deles tenham preços para ricos. Assim eles não só pagam como bebem a crise!