quarta-feira, novembro 24, 2010

Greve e estrutura da Administração Pública

Sejamos claros: não é apenas a garantia de emprego para a vida dos servidores do Estado que faz com que apenas na Administração Pública (e similares) a greve atinja proporções significativas. Esse será um factor importante, mas o modo como está organizado e estruturado todo o sector - sem processos de avaliação credíveis, demasiada centralização, pouca autonomia, desresponsabilização e níveis de decisão em excesso, nomeação das chefias demasiado dependente dos partidos fazendo das instituições de Estado autênticos campos de batalha político/partidários, indiferenciação salarial em cada função, progressão por antiguidade, etc, etc – estando na base de uma ausência de identificação de cada trabalhador com a estrutura e objectivos da instituição para a qual trabalham, com a subsequente “proletarização”, e limitando a afirmação individual, assume também aqui um papel relevante.

Talvez não fosse má ideia os governos começarem por aqui, mas sempre tem faltado coragem política.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

Inteiramente de acordo. Mas como os exemplos devem vir "de cima", como é possivel com justiça e moral fazer mudanças necessárias e inadiaveis, quanto os exemplos que vêm "de cima" (de quem nos (des)governa) são fartos em compadrio, incompetência, corrupção, "jobs for the boys and girls".

Não vamos lá. A crise também é (e muito) de valores e referências.

Cumprimentos

JC disse...

Claro. Os valores e referências tb têm uma componente política.