domingo, outubro 10, 2010

Orçamento: ora, resumindo...

...a viabilização do orçamento de 2011, através da abstenção, é, sem dúvida, a opção que mais convém ao PSD: “dá uma de patriotismo”, o que sempre “cai” bem no eleitorado; fica sem o ónus de fazer cair o governo (“demos ao PS condições para governar com o seu programa”), acção - fazer cair o governo - que tradicionalmente (ou será mito urbano?) tende a penalizar quem o faz; mantém as mãos livres para contestar as políticas de José Sócrates, assim criando as condições necessárias a uma certa instabilidade política que poderá ter repercussões negativas junto dos mercados financeiros e das agências de “rating” – logo, na acção governativa; aguarda calmamente os mais do que esperados aumento do desemprego e queda do crescimento económico, com a subsequente agitação social; e espera que tudo isso e mais alguma coisa de que me terei esquecido faça o partido subir consistentemente nas sondagens, neste momento demasiado e perigosamente próximas do empate técnico, dando oportunidade a Cavaco Silva, então já com a reeleição resolvida, de dissolver a Assembleia da República abrindo caminho a eleições que coroariam um governo PSD ou PSD/CDS. Resumindo: tudo leva a crer que, independentemente de “guerras de alecrim e manjerona” e/ou tricas de ocasião, seja esta a opção tomada: "o que tem que ser tem muita força"! Aliás, talvez seja exactamente em face desta estratégia que o PS se importaria muito pouco ou nada com um voto “contra” do PSD.

Será a melhor opção para o país? Claro que não parece ser: um estável e civilizado governo de coligação, a dois ou a três, seria bem mais adequado ao momento que o país e o mundo atravessam. Mas isso parece ser pormenor de pouca monta, ao qual, valha a verdade, nem o próprio PS, partido apoiante do governo, parece querer dar muita atenção. Tanto pior para todos...

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