sábado, julho 31, 2010

Chumbos...

Peço muita desculpa, mas devo ser o único português que não tem uma opinião formada sobre a questão dos “chumbos” no ensino: nunca fui professor e os meus conhecimentos pedagógicos julgo não serem suficientes para formar juízo abalizado. No entanto, diz-me o bom senso, essa coisa tão importante para o vulgar cidadão como o são as “little grey cells” para o belga Hercule Poirot, que talvez seja avisada e asisada a rejeição de duas posições radicais: aquela que defende, à semelhança do que acontecia nos meus já muito longínquos tempos de aluno do liceu nos tempos do ditador Salazar, que aluno com dificuldades é deixado a elas entregue e se não sabe “chumba” e acabou-se; e uma outra, que, de tão absurda, acredito nunca verdadeiramente tenha existido fora do arremesso político e da exploração mediática, que pretende “passa tudo minha gente”, ignorante ou não.

E se - perguntar-me-ão - para além da recusa destas posições radicais admito não ter opinião formada sobre o assunto, porque venho para aqui “mandar palpites” em vez de me remeter a um prudente e avisado silêncio? Por uma razão muito simples: espanta-me o populismo e a demagogia, a ligeireza de raciocínio e a ignorância com que um assunto tão sensível e complexo, que afecta directamente o presente e o futuro de milhões de portugueses e do próprio país, é tratado entre partidos políticos e cena mediática. Mais ainda: é que ao ler e ouvir a pobreza de raciocínio e argumentação, o primarismo dos defensores do “têm dificuldades, não sabem, chumbam”, o tal bom senso que acima invoquei quase me leva a concluir que as ministras Mª de Lurdes Rodrigues e Isabel Alçada até são bem capazes de ter razão...

6 comentários:

joão boaventura disse...

Caro Gato Maltês

Não há problema com os chumbos.

Quando chegarem aos 23 anos entram nos concursos ad hoc para entrar na Universidade.

É tudo programação à lusitaneidade.

Cordialmente

JC disse...

Desculpe, João, mas, como disse, não tendo uma opinião definitiva sobre o assunto "chumbos" acho ele merece uma abordagem e discussão séria e s/ preconceitos. Coisa que não vejo, infelizmente, acontecer.

joão boaventura disse...

Caro JC

Concedo, mas o mal reside que o Ministério estará, em princípio, a tecer uma norma seriamente pensada, e não está, porque a Ministra, ao aparecer numa entrevista bastante longa, mais parece estar a dizer que "o meu parecer é este... e vocês o que é que acham?".

Daí a minha ironia de programação à maneira lusitana, dado ficar com a sensação de que, ao lançar a acha para a opinião pública, a provocar estilhaços em todos os sentidos, ficar com a sensação, repito de que ninguém sabe verdadeiramente qual a verdadeira medida a tomar para que a guerra da educação não sofra mais desaires.

E neste fingimento em que toda a gente fala, com prejuízo total para as crianças que se vêem rodeadas de pessoas que não sabem o que fazer com elas, transparece a inépcia ou eficácia de resolver problemas, deixando-os a arrastarem-se indefinidamente.

Concedo que a minha ironia também não ajuda, por não ser a pessoa mais avisada para a solução, mas penaliza-me verificar que em tal matéria continuamos mal servidos.

Cordialmente

JC disse...

Tem razão quando diz que a ministra "lançou a bomba" para ver o resultado e concordo que talvez não seja a melhor maneira de discutir o assunto c/ seriedade: quando no "post" afirmo a falta de rigor na discussão do tema refiro-me a todas as partes envolvidas, infelizmente. É pena, pois é dos tais assuntos que mereceria análise atenta; mas, infelizmente, tb dos que mais se presta à demagogia rasteira. Má sina do país!...

joão boaventura disse...

O fim das retenções segundo Marcelo Rebelo de Sousa aqui.

Cordialmente

JC disse...

Thanks.
Cumprimentos