quarta-feira, abril 28, 2010

Três notas sobre a crise (entre ontem e hoje)

  1. Indiscutível a responsabilidade governamental sobre o agudizar da crise: porque o governo existe para governar e porque, enquanto tal, se tem eximido a fazê-lo desde que tomou posse, revelando pusilanimidade em algumas situações-chave (professores, por exemplo) e visíveis hesitações em outras (PEC e orçamento). Mas também indiscutíveis responsabilidades do PSD de Ferreira Leite/Pacheco Pereira ao ter resolvido centrar a sua acção em questões morais e de carácter, contribuindo, assim, para a menorização das questões de natureza política e sua substituição pelos ódios e inimizades pessoais e, por consequência, para criação de um ambiente geral de crispação que envenenou todo o debate político e a sociedade em geral e inviabilizou qualquer espírito de cooperação entre governo e oposição,
  2. José Sócrates tem perante si uma escolha: justa ou injustamente, ficar para a História como o primeiro-ministro que conduziu o país para uma das mais graves crises da sua história recente ou como o homem que, perante dificuldades extremas, soube assumir a condição de estadista e, por muito duras que estas possam vir a revelar-se e sem renegar a sua família política, tomou as medidas necessárias para sair da crise de forma sustentada. Não existe uma terceira via.
  3. Quando se exigia algum bom-senso e contenção nas declarações públicas (o que não exclui que se fale claro), Luís Campos e Cunha resolveu, do alto da sua reconhecida e indiscutível competência académica e curricular, espalhar mais uma dose do seu conhecido niilismo militante, afirmando que Portugal pode chegar a uma situação idêntica à da Grécia e que a cooperação proposta por Passos Coelho e a sua reunião de hoje com o primeiro-ministro já viriam tarde. Nem Medina Carreira ousou ir tão longe! O próprio Eduardo Catroga, ex-ministro do governo de Cavaco Silva, foi bem mais positivo nas suas declarações, felizmente. É de lamentar que alguém com o prestígio e competência de Campos e Cunha mostre tão pouca sensibilidade política e se deixe conduzir para campos que muitos tenderão a identificar como de puro ressabiamento pessoal.

5 comentários:

pois disse...

Pois é JC,
Vá lá que a crise nos faz não falar de futebol e que neste outro assunto sempre estamos muito mais de acordo.
Enquanto tudo eram rosas (e laranjas) e recebiamos subsidios em catadupa que distribuimos, como sempre mal, tudo foi uma alegria. E conseguimos até criar o "maior estadista português".
Quando as coisas viraram e José Socrates conseguiu uma rara e unica maioria absoluta passamos ao plano B e o país dedicou-se a maldicencias, falsas moralidades, (engraçado as camaras mais endividadas terem em comum a gestão social democrata) e perseguições. Por falar nisso Sócrates ainda tem uma terceira via, a demissão (que não creio).
Quanto a Campos e Cunha (que me parece um professor - ensina mas não faz) faz-me lembrar o que aqui o meu caro expressou a propósito J. M. Fernandes

JC disse...

Mas não comparemos JMF com Campos e Cunha. Apesar da minha crítica a este último, está a milhas de JMF e continuo a respeitá-lo bastante como académico e cidadão. E não acho o primeiro-ministro deva demitir-se, claro. Principalmente agora, c/ a crise a agudizar-se e um PSD decente.
Cumprimentos

Anónimo disse...

O (engº ?) José Socratés não vai ficar na história...já fez história, (para mal de todos os portugueses) ao "ficar (para a História) como o primeiro-ministro que conduziu o país para uma das mais graves crises da sua história recente". Nem a demissão lhe retiraria esta "triste glória".
O estado a que chegámos...não aconteceu por acaso nem teve inicio na passada semana. PSD decente ? Apenas mudou o "boneco" de topo. No entanto de louvar a postura de estado que assumiu no inicio desta semana.

Anónimo disse...

O (engº ?) José Socratés não vai ficar na história...já fez história, (para mal de todos os portugueses) ao "ficar (para a História) como o primeiro-ministro que conduziu o país para uma das mais graves crises da sua história recente". Nem a demissão lhe retiraria esta "triste glória".
O estado a que chegámos...não aconteceu por acaso nem teve inicio na passada semana. PSD decente ? Apenas mudou o "boneco" de topo. No entanto de louvar a postura de estado que assumiu no inicio desta semana.

Anónimo disse...

O (engº ?) José Socratés não vai ficar na história...já fez história, (para mal de todos os portugueses) ao "ficar (para a História) como o primeiro-ministro que conduziu o país para uma das mais graves crises da sua história recente". Nem a demissão lhe retiraria esta "triste glória".
O estado a que chegámos...não aconteceu por acaso nem teve inicio na passada semana. PSD decente ? Apenas mudou o "boneco" de topo. No entanto de louvar a postura de estado que assumiu no inicio desta semana.