segunda-feira, março 01, 2010

Dos limites dos estudos de opinião: o caso de André Freire e José M. Viegas

Existem duas situações clássicas que normalmente desaconselham o investimento num estudo de mercado ou de opinião, por inútil: quando sabemos nada vão acrescentar ao que já conhecemos sobre o universo do estudo; quando existe uma quase certeza de que as suas conclusões nunca, ou dificilmente, poderão ser transformadas em planos de acção consequentes destinados a resolver os problemas encontrados. Penso ser este o caso do estudo conduzido por André Freire e José Manuel Viegas, pelo menos (e ressalvo isso) face às conclusões aqui referidas.

Vejamos o primeiro ponto (conclusões):

Para concluir que os portugueses “têm reservas quanto ao monopólio dos partidos”, que gostariam de “participar mais”, que estão insatisfeitos com a qualidade da democracia, que desconfiam das maiorias absolutas (aqui há que ter em atenção a conjuntura), que o país tende maioritariamente para a esquerda e vê os partidos como estando reféns dos respectivos líderes será preciso investir num estudo deste tipo?

Vejamos o segundo ponto (planos de acção):

Que é possível fazer? Abrir as eleições legislativas a “listas de cidadãos”, ao estilo Fernando Nobre? Avançar para uma democracia referendária reproduzindo o populismo latino-americano? Adoptar os círculos uninominais, num país onde não existe essa tradição, com o risco do caciquismo e o pequeno “caudilhismo” de província se impor? Adoptar uma lei eleitoral que dificulte a obtenção de maiorias absolutas de um só partido com a séria hipótese de tornar o país ainda mais dificilmente governável?


    Espero a leitura do estudo completo seja mais esclarecedora sobre as conclusões e essas permitam, pelo menos aqui e ali, a definição de planos de acção exequíveis. Caso contrário...

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