sexta-feira, fevereiro 19, 2010

De entre três, escolha o leitor deste "blogue" uma hipótese para o modo como se efectuou o negócio entre o Taguspark e Luís Figo

Nunca comprei o semanário “Sol”: desde o primeiro número me pareceu algo a fugir para o tablóide. Além disso, os editoriais e escritos de José António Saraiva enquanto director do “Expresso” nunca me foram muito apelativos. Tendo dito isto, escusado será dizer que, se de vez em quando ainda deitava os olhos a algum título ou via “os bonecos” da sua revista, nos últimos tempos até de tal coisa me tenho abstido. Para bom entendedor (até para mau...), isto significa que não li nem conheço nada do que o jornal publicou sobre o negócio entre a Taguspark e o antigo jogador de futebol Luís Figo, o que, sendo tal negócio público sem necessidade de recurso a quaisquer escutas para ser conhecido, não me impede e até acho me coloca em melhor posição para ter uma ou várias ideias sobre o que se terá passado. Aqui ficam três ideias-padrão para que o eventual leitor possa, por si próprio, ajuizar e escolher a que melhor se enquadra na sua posição perante o mundo, a vida, a política e o que por bem entender mais invocar.

  • Hipótese nº 1: “mais em jeito do que em força”. Luís Figo terá sido contactado para ser o endorsee (ou seja e em português corrente: “para dar a cara”) do Taguspark numa campanha promocional do “dito cujo”, para isso lhe pagando o anunciante uma determinada verba. Durante as negociações, “palavra puxa palavra” e, em conversa, até porque lhe ficava bem, o ex-jogador terá manifestado o seu apreço por José Sócrates e pelo seu governo, tendo isso motivado o pedido de um dos administradores da empresa, também ligado ao primeiro-ministro e ao governo do Partido Socialista, para que colaborasse na campanha eleitoral, ao que Luís Figo anuiu. É a hipótese “benigna” ou “angelical”, digamos assim.
  • Hipótese nº 2: “jogada de envolvimento descaída sobre a esquerda”. Tendo Luís Figo sido contactado sobre a possibilidade de ser o endorsee na tal campanha promocional do Taguspark, mediante pagamento adequado, foi-lhe dito, simultaneamente e constituindo forte recomendação (não exactamente uma “oferta que ele não pudesse recusar”, mas, mesmo assim, algo a ter em conta dadas as ambições futuras do ex-internacional) que o negócio teria bem mais sérias possibilidades de chegar a bom termo se, incluído no “pacote” em causa, Luís Figo pudesse protagonizar apoio público a José Sócrates. Não existindo qualquer incompatibilidade política ou pessoal de fundo entre José Sócrates e Luís Figo, e como nunca se sabe o dia de amanhã, este decidiu-se pela positiva. Conhecendo o mundo empresarial e o dos homens, é aquilo que posso considerar como sendo a hipótese “profissional”, comum ao mundo dos negócios.
  • Hipótese nº 3: “tudo ao molho e fé em Deus”. Pretendendo conseguir o apoio de uma personalidade pública de relevo para a campanha eleitoral de José Sócrates, o PS, através do tal administrador Rui Pedro Soares, terá contactado Luís Figo indagando da sua disponibilidade para o efeito. O ex-jogador, que em Espanha era considerado como gostando bastante de dinheiro e, para além disso, tem também ambições futuras (a FPF, por exemplo?), não disse que não mas sugeriu o pagamento de uma determinada verba em favor da sua Fundação. Como os partidos políticos não nadam assim em dinheiro e, por muitas outras e variegadas razões, seria complicado ser o PS a efectuar o pagamento directo, ficou combinado que o negócio seria camuflado através da contratação de Luís Figo como endorsee da Taguspark em futura campanha promocional. Seria a contribuição da empresa para o financiamento partidário, deste modo se justificando a “saída” de dinheiro sem ser através dos bem conhecidos recibos passados em nome de Jacinto Leite Capelo Rego e assim se evitando as também bem conhecidas pastas cheias de notas. Para além disso, o negócio permitia ainda à Taguspark receber de imediato ou quando julgasse conveniente uma retribuição consubstanciada na campanha protagonizada pela personalidade em causa, e não apenas a promessa de eventuais facilidades futuras por parte de um governo PS. Digamos que é a hipótese “suja”, o “esquema”.

Em função do acima exposto, escolha agora o leitor a que quiser, tendo em atenção que é possível a hipótese verdadeira colha elementos retirados de entre estas três "hipóteses-tipo". De qualquer modo, um aviso, embora não seja jurista: o contrato terá sido efectuado entre a Taguspark e Luís Figo tendo por objecto a promoção da empresa, nada existindo de material que ligue o ex-internacional a qualquer alegado recebimento de dinheiro em troca do seu apoio a José Sócrates. Mesmo que tenha sido esse o caso (o que não sabemos), ninguém é assim tão estúpido. Significa isto que, na sua essência, qualquer que tenha sido o fundamento principal do negócio ele nada tem de ilegal, e da eventual ou alegada presunção da utilização de bens públicos para fins de natureza partidária restará apenas, e mais uma vez, a dúvida. Sendo assim, what’s next?

2 comentários:

Karocha disse...

Vou pela 3 "Tudo ao molho e fé em Deus" JC!

A.F. disse...

É indiferente. O caos é caos anyway.

Cump.
A.F.