quarta-feira, novembro 25, 2009

O governo e a educação: falta de convicção, cobardia ou oportunismo político?

Se o Governo anterior do PS e de José Sócrates estava firmemente convencido da justeza da sua política para a educação, em geral, e considerava a avaliação dos professores e o seu reflexo nas respectivas carreiras parte integrante e essencial do seu projecto para o sector, deveria ter tido a coragem política suficiente para enfrentar o reaccionarismo corporativo dos sindicatos da educação, colocando aos portugueses, de forma clara, a questão essencial: quem deveria dirigir a política de educação? Os professores e os seus sindicatos, com relevo para a Fenprof, ou o governo do país, democraticamente eleito. Em última análise, e no auge da contestação (disse-o aqui), se alternativa não restasse, deveria o governo ter apresentado a sua demissão e forçado eleições antecipadas, pedindo aos portugueses - a todos eles, eleitores - que se pronunciassem. Calculismo e cobardia política, apanágio dos fracos, não tornaram possível essa decisão.

Se o actual governo do PS e de José Sócrates estivesse firmemente convencido, no essencial, da justeza da sua política para a educação, etc... deveria ter tido a coragem política para, perante o oportunismo dos partidos situados à sua direita e o conservadorismo dos colocados à sua esquerda, se manter fiel aos seus princípios, deixando à oposição o ónus de derrotarem a política de reformas esboçada ou já iniciada (e que, não o esqueçamos, foi bandeira do governo) ou para, no caso de abertura de um deles, negociar os termos de um acordo possível sem abrir mão do essencial: uma avaliação credível, o que pressupõe a existência de quotas, e uma carreira na qual apenas progrediriam os que demonstrassem mérito inequívoco para tal.

Pelo caminho que as coisas estão a tomar (e oxalá me engane), o governo ou nunca esteve, e não está, convencido da justeza da sua política para o sector ou a cobardia e o oportunismo políticos tomaram conta da governação. No primeiro caso, terá andado quatro anos a enganar os portugueses e a gastar energias em vão; no segundo caso, começa a mostrar indícios de não estar á altura dos duros desafios que se avizinham.

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