sábado, fevereiro 28, 2009

"Underdog"

Que a decisão do primeiro-ministro de se fazer representar na Cimeira da UE, onde se discutirão medidas a tomar para tentar resolver a crise económica, pelo Ministro de Estado e das Finanças, Teixeira Santos, optando pelo congresso do partido de governo e do qual é secretário-geral, sirva de tema para a “chicana” partidária é algo a que, infelizmente, já vamos estando habituados - quaisquer que sejam os partidos em causa, para que fique claro.

Que a questão seja elevada a importante tema de debate político, por parte dos comentadores habituais nos “media” também habituais, só pode provocar tristeza. Tristeza mesmo, pois se esperaria que os “media” pudessem ser algo mais do que meras caixas de ressonância de algum lixo partidário. Acredito as audiências o justifiquem, mas estão assim a contribuir para colocar os “standards” da discussão pública a um nível underdog. Depois não se queixem do atraso do país e da falta de educação do “povo”...

2 comentários:

gin-tonic disse...

Mais tarde ou mais cedo isto teria que vir à superficie. Somos o que somos mas não podemos ter à frente do governo uma personalidade como Sócrates. É óbvio que irá fazer um outro mandato, só espero que sem maioria,e outras coisas virão à tona de água.
Mas também não vejo outras saídas...

JC disse...

Pois esse é o problema, meu caro. Se o PS não renovar a maioria absoluta o país fica à beira da ingovernabilidade. Vejamos... PCP e Bloco, claramente anti-UE, anti-capitalistas e anti-estado de direito democrático, nunca poderão ter influência governamental. Era o caos. Resta ao PS procurar apoios à sua dtª e isso inviabilizaria quaisquer medidas mais modernizadoras e igualitárias na área social ou de "sociedade" P. ex. teria inviabilizado a reforma da segurança social (o PSD queria privatizá-la - teria sido bonito, com o que sabemos hoje), as reformas necessárias á manutenção do SNS, rendimento de inserção, IVG, casamento gay, etc, etc. Por exemplo, o que o PSD propõe para resolver a crise - e propôs sempre - , baixar os impostos - antes da crise era o tal choque fiscal - teria sido desastroso. Não acho que se ganhe c/ isso o que quer que seja. Quanto a Sócrates, não é alguém que eu quisesse para amigo nem acho seja um político c/ estatura de estadista. Mas como 1º ministro, é o que se arranjar. Tb não vejo alternativa a curto prazo. Mais facilmente seria, p. ex., amigo de Alegre: discutia poesia, bebia uns bons vinhos e comia uma perdizes de caça. Mas nunca o quereria como governante. São planos distintos.