terça-feira, novembro 11, 2008

A avaliação de professores: um caso pessoal

Nos anos oitenta do século XX eu trabalhava para a subsidiária de uma multinacional americana, exercendo funções integrado no respectivo middle management. Em determinado ano foi julgado necessário alterar, internacionalmente, o modelo que presidia às avaliações e promoções, tendo em atenção que a emergência da existência PCs facilitava a introdução de um modelo mais complexo mas também, por isso mesmo, bastante mais rigoroso. Devo dizer que o processo de adaptação á complexidade do modelo (ah, não existirem quotas era algo que, já na altura, nos daria vontade de rir) esteve longe de ser fácil e, como não podíamos abandonar as funções ligadas à gestão corrente da empresa, houve que resolver o assunto com recurso a algumas noitadas, uma delas até às 7 h da manhã. Mas passado esse período mais “tormentoso”, o processo foi entendido e implementado, revelando-se bastante mais rigoroso e recompensador para todos, gestores e não gestores. Uma das suas características era que não remunerava de igual modo todos os que exercessem as mesmas funções, o que não era novidade e já era comum ao anterior modelo, em função do mérito, mas estabelecia também uma pequena diferença salarial, inferior a 10%, face ao número de anos na função, quer fosse na empresa ou em lugar semelhante em firma onde esses funcionários ou gestores tivessem trabalhado anteriormente. O que era curioso, para além da pequena diferença salarial atribuída à antiguidade no cargo, é que essa diferença salarial só era tida em conta até um período máximo de três anos na função, pois a empresa considerava – e bem – que esse era o número máximo de anos requerido para exercer esse trabalho com 100% de eficácia, em função de uma “curva de experiência” calculada. A partir daí não havia lugar a qualquer progressão salarial por “antiguidade”, digamos assim. Mais ainda, demasiados anos na mesma função era mesmo penalizado na avaliação de desempenho, uma vez que se considerava – e quanto a mim, e mais uma vez, bem – que alguém que tivesse demonstrado empenho e competência teria obrigação de ser chamado pela sua hierarquia a desempenhar outro tipo de funções mais complexas e de maior responsabilidade. Claro que esta seria também penalizada na sua avaliação se existissem sob a sua responsabilidade demasiadas pessoas sem progressão, pois um dos seus objectivos era contratar bem – leia-se, pessoas com potencial de progressão - e fazer evoluir quem trabalhava sob a sua responsabilidade.

Estão a perceber, senhores professores?

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