quinta-feira, setembro 11, 2008

Queiroz e Scolari a propósito de uma derrota

Se algo não me agradava em Scolari era o seu populismo sul-americano, das bandeiras à janela e dos banhos de multidão, com Roberto Leal e tudo, à mistura com uma religiosidade primitiva paredes meias com a crendice. O futebol sofrido da selecção era um pouco expressão de tudo isso, espelho de uma personalidade assim vivida por quem sempre terá considerado o sucesso e as conquistas como uma luta contra o destino, como algo contra-natura. Mas, nos antípodas, confesso que a total falta de carisma do seleccionador Carlos Queiroz, uma certa ausência expressa de espírito de conquista que transcenda o valor circunstancial das palavras, um "tanto me faz" que acredito não sinta mas não consegue evitar transmitir, me deixam com algumas saudades. É que – acho – foi com Scolari, talvez não em seu favor mas contra os seus e meus inimigos, que finalmente encontrei um forte motivo para torcer pela selecção portuguesa.

Nota: os 2-3 de ontem não deixaram de me fazer recordar os 3-6 que deram o penúltimo título de campeão ao meu SLB. Demasiadas coincidências ou apenas e só as saudades?...

4 comentários:

gin-tonic disse...

A minha pátria é o Benfica e isso já me dá margem de manobra para me chatear...e bastante. Que me lembre são raros os tempos em que a Selecção Naciomal me entusiasmou. Não falando do Mundial de 66 apenas mais um ou outro. No more. Estava desejoso de ver Scolari pelas costas, longe estva eu de que me iria calhar o Professor Donnut, o Agostinho Oliveira, o Rui Caçador.Mas por aqui não me vou chatear mais. Não lembra a ninguém pôr Maniiche a jogar, um joagdor, sem rotina de jogos, desmotivado por circunstâncias várias. Para quem disse que iria apostar em quem estivesse em forma... e na juventude... o resultado está à vista. Nos sub-21 assistir à exibição de Pelé, Miguel Veloso, Manuel Fernnades foi simolesmente confrangedor. Os jornalistas puseram-nos nos pinvaros, futuras esperanças eu sei lá.Psicologicamente ninhuém os ajuda, os empresários só querem ver dinheiro na conta bancária. O resultado é aquele.
Mas cada vez que ouço falar no meritório trabalahdo de Carlos Queiroz nas camadas jovens sigo as observações já feitas por JC e faço lembrar que ele herdou um trabalho de base que durante uns anos um senhor que dá pelo nome de José Augusto andou a fazer antes dele entrar.
E já chega!" O Gato Maltês" não é propriamente a "bancada Central" nem o muro das lamentações. Felizmente...

JC disse...

Pois, meu caro, não vale a pena acrescentar mais nada. Apenas uma nota: o Miguel Veloso faz-me lembrar aquele Jamir, ou o Paulo Almeida ou o Michael Thomas que passaram lá pelo nosso glorioso...

ié-ié disse...

Para os meus amigos benfiquistas só tenho um dito: "volta Ricardo, estás perdoado!".

Falando sério, como dizem os brasileiros, estou basicamente de acordo com o que JC estatui relativamente ao consulado de Scolari e a prova é a de que, pela primeira vez em muitos anos, consegui ver um jogo de Portugal.

Não é que Carlos Queiroz (mesmo com a total falta de carisma) me inspire a maior das confianças, mas é português. Só falta ele afastar Pepe e Deco e impedir a entrada de Liedson. Chauvinista? Que seja! Ao menos, viveremos com a prata da casa e não teremos a mania de que somos os maiores do Mundo.

Se é para naturalizar, então busquemos os melhores jogadores do Mundo.

Gostaria de ver a vossa opinião de Cristiano Ronaldo, por exemplo, se naturalizasse britânico, ou melhor, inglês. Aí é que eu queria ver.

Não percebi se o Gin-Tonic gostou do jogo ou não, sobretudo depois daquela perdida da Nuno Gomes, mas como "a pátria dele é o Benfica", meu Deus, o que dali virá!

Reconheço que foi mal perdido o jogo com a Dinamarca, mas acho que já é tempo de vermos a "nossa" selecção mais ao nível de Malta (juro que não é piada) do que ao nível de uma França, Itália, Inglaterra, sei lá... e isto só ao nível da Europa.

Vamos lá, pés bem assentes!

LT

JC disse...

Mas, Ié-Ié, o que é que determina a nacionalidade portuguesa? O ter nascido em Portugal? O ter pais portugueses? o meu pai nasceu em Madrid filho de um português de origem maltesa e de uma francesa. Como tb teve sempre a nacionalidade portuguesa até poderia ser P. R.. Foi candidato a deputado. Não poderia jogar na selecção? O meu genro é filho de portugueses e nasceu no Lancashire. Tem passaporte britânico. De acordo com o seu raciocínio, poderia ser internacional por Portugal? E, já agora, os meus 3 netos que sempre viveram em Madrid e são filhos de um luso-britânico e de uma portuguesa de origem maltesa, francesa, prussiana e com um avô madrileno? Já não falo do Nelson Évora que nasceu na Costa do Marfim filho de cabo-verdeanos ou na Naide nascida são-tomense e que chegou a representar o seu país de origem. O único conceito objectivo é: poderão jogar por Portugal todos os cidadãos portugueses que a FIFA considerar o poderem legalmente fazer. O resto é apenas uma questão de gestão de identificações, que compete ao seleccionador e à FPF.
O CR que se naturalize pelo Belize ou St. Kits & Nevis: problema dele. Como jogador só poderá jogar por Portugal, pois a FIFA assim determina.
O jogo foi bem perdido, pois Portugal jogou s/ cabeça.
Abraço