segunda-feira, junho 30, 2008

30 de Junho de 1934 - "Nacht der langen Messer"

O “Público” publica hoje no seu caderno P2 um chorrilho de disparates, deturpações, confusões e omissões sobre um dos acontecimentos históricos mais importantes do século XX e que levou à consolidação efectiva do regime nazi na Alemanha: a “Noite dos Facas Longas” (“Nacht der langen Messer”). Para ser sucinto, o que está efectivamente em causa neste acontecimento histórico (30 de Junho de 1934) é o desenlace de uma luta que se vinha travando no seio do NSDAP (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) entre a sua origem pequeno-burguesa, anti-capitalista e anti-comunista, personificada pelas SA (Sturmabteilung), as milícias do partido, dirigidas por Ernst Röhm e que na fase de implantação do regime tinham tido um papel fundamental nas acções de rua e crescido por via disso, e, por um lado, o exército (Wehrmacht), de origem maioritariamente aristocrática e prussiana, que manteve com o nazismo e com Hitler sempre uma relação com alguma conflitualidade, e, por outro, a grande indústria e a alta finança, das quais Hitler precisava para a consolidação do regime e que, com alguma simplificação, admito, podemos dizer teriam uma implantação e influência relevantes nas altas esferas das SS (Schutzstaffel). A acção foi fundamentalmente desencadeada pelas SS e, como seu resultado, as SA, cuja acção centrada nas arruaças de rua se tornara desnecessária na fase de consolidação do regime, são virtualmente eliminadas na sua força e importância. Hitler ultrapassa assim algumas desconfianças que a força então crescente das milícias do partido e da sua inserção e ideologia pequeno-burguesa tinham gerado junto da Wehrmacht e da aristocracia prussiana, que maioritariamente a compunha, e fortalece as SS (durante a WWII formaram-se mesmo várias divisões de combate SS, as chamadas Waffen SS) que usará para manter a Wehrmacht em respeito quando isso se torna necessário. Muito simplificadamente, esta é a história, no seu fundamental. O resto é História... Com H grande, pois claro.

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