segunda-feira, maio 12, 2008

"Dress codes" e as Finanças cá do bairro

Aqui há uns tempos escrevi isto sobre a questão dos Dress Codes.
"Os dress codes estão, hoje em dia, bastante aligeirados, mas independentemente de questões práticas (não dá jeito nenhum ir para a praia de fato e gravata ou jogar ténis de sobretudo), eles têm permitido, ao longo dos anos, marcar a importância e solenidade dos acontecimentos. Vestimo-nos de modo mais formal para um casamento ou um enterro, por exemplo, porque são considerados, cada um de seu modo, acontecimentos únicos e solenes, e o próprio traje utilizado contribui para essa solenidade, conferindo-lhe, inclusivamente, um mood and tone adequado. Vestimos fato e gravata para trabalhar, em certas profissões, porque estamos num terreno de relações formais, mas se essa profissão se exercer numa área onde o relacionamento é mais informal (nas áreas “criativas”, por exemplo) o nosso dress code acompanha essa maior informalidade, dispensando o fato completo e gravata. Do mesmo modo, o dress code é mais conservador e formal na banca e na advocacia, porque estamos em terrenos tradicionalmente considerados mais “sérios”, onde os negócios têm a ver com o dinheiro e a liberdade (ou a sua restrição) e onde, por isso, devemos inspirar confiança e “solidez” e não “ir com a moda do momento”. Noutra vertente, é um valor assumido que a solenidade dos acontecimentos aumenta com o decorrer do dia, por isso, em termos gerais, é comum um dress code mais formal para um jantar do que para um almoço, o mesmo acontecendo para uma festa à noite se comparada com um cocktail ao fim da tarde."
Tendo dito isto, e mesmo correndo o risco de me chamarem conservador ou elitista, até talvez arrogante que é o pior insulto que pode vitimizar um português, alguém me explica porque fui hoje atendido na Repartição de Finanças aqui do bairro por um funcionário de jeans? Eficiente, até mesmo simpático e colaborante, mas envergando uma muito proletária camisa aos quadrados e um algo coçado par de jeans? Será assim tão difícil, já não digo exigir fato e gravata, um casaquito de tweed, vá lá, que os há a preço bem módico, pedir aos senhores das Finanças que, se não se importarem, deixem os jeans para os seus fins de semana em família, com sogra, canário e cão? Pois é, eu sei, sou isso tudo que disse e ainda por cima um empedernido reaccionário. Um careta, claro! Mas, humilde contribuinte, quer queiram quer não, não vou tratar de assuntos com o fisco... de jeans! Dignidade e respeito por quem me cobra e representa: o Estado... Importam-se de retribuir?

1 comentário:

Vic disse...

É uma questão de respeito pelo emprego que se tem...