segunda-feira, novembro 12, 2007

A Espanha e o seu rei

Pela especial importância política que assumiu na, também ela muito particular e sensível, transição democrática de Espanha, pelo papel desempenhado na tentativa de golpe de estado de Fevereiro de 1981, pela própria natureza do estado espanhol e das várias nacionalidades que o compõem, se quisermos ir mais longe, pela questão do regime que dividiu a Espanha durante a Guerra Civil e, depois, pelo contencioso com o franquismo protagonizado por seu pai, D. Juan de Borbón, Conde de Barcelona, o rei de Espanha, D. Juan Carlos, assume uma importância política que vai muito para além do habitual papel reservado a um monarca constitucional nas diversas monarquias europeias. Mais do que nos interrogarmos sobre o facto de ter sido ou não eleito, como o faz Daniel Oliveira no Arrastão, o que é absolutamente redutor (todas as democracias europeias – monarquias ou repúblicas - têm orgãos de estado ou de soberania, não legislativos ou executivos, não eleitos), a questão a colocar é se um monarca constitucional deve estar presente numa cimeira política como e com as características da Ibero-Americana, para além do seu papel de representação de estado. Estou quase certo a nenhum outro isso se permitiria, e que só a muito especial condição que envolve a figura de D. Juan Carlos, em função do papel político que efectivamente desempenha e acaba por transcender de facto as suas meras funções constitucionais e protocolares, o torna possível e permite que assuma um protagonismo para além do que é habitual em cargos semelhantes. Mas foi também essa mesma condição que lhe permitiu mandar calar Chavez, atitude, de facto, política (independentemente do que se pense do presidente venezuelano e eu penso mal) impensável em qualquer outro monarca europeu e que está a deixar a Espanha, o PP e o PSOE à “beira de um ataque de nervos”. Mas... exactamente pelo que se afirma acima, resistirão a monarquia e a Espanha ao desaparecimento, um dia, do seu actual rei?

2 comentários:

Eurydice disse...

Interessante questão! Aqui está uma abordagem nova.
Pessoalmente, no me gusta el señor Chavez, e simpatizo com a quebra de protocolo que o rei protagonizou, considerando o contexto.

JC disse...

Cara Bianca:
Filho de um madrileno, com avô e bisavô paternos que viveram em Espanha durante algum tempo,filha e três netos a viverem actualmente em Madrid e filho que fez Erasmus na UPC, em Barcelona, mal seria se não me interessasse um pouco pela política do vizinho, por sinal bastante mais interessante que a daqui da "parvónia"
JC