sexta-feira, julho 20, 2007

Que têm de comum José Miguel Júdice, o Oriental e o Atlético?

Nos anos quarenta do século passado, vários clubes de origem operária e popular da então “Cintura Industrial de Lisboa” encetaram um processo de fusões que culminou na fundação do Clube Oriental de Lisboa (fusão do “Fósforos”, Marvilense” e “Chelas”) e do Atlético Clube de Portugal( fusão do “Carcavelinhos” e do “União Lisboa”). Julgava-se, deste modo, poder ganhar massa crítica e tornar os novos clubes assim formados mais competitivos e capazes de melhor ombrear com os grandes de Lisboa. O resultado é conhecido e, depois de alguns “fogachos” nos anos cinquenta e sessenta (menos), ambos se afundaram e arrastam nas divisões (muito) secundárias. A razão era simples: o problema estava na emergência da profissionalização do futebol e na terciarização da cidade de Lisboa, com deslocação para a margem sul e para a periferia da “dita” “Cintura Industrial”, esvaziando a base de apoio dos referidos clubes, recém formados.

Lembrei-me destas memórias, transmitidas pelo meu pai, ao ler a proposta de José Miguel Júdice para a fusão de PSD e CDS. É que, agora como no caso apresentado, o problema vai muito para além de qualquer tipo de estratégia de “fusões e aquisições”, estratégia que, aliás, não esteve, nos últimos tempos, muito longe do pensamento político de Paulo Portas. Tal como disse aqui ontem, é um problema de “refundação” ideológica em torno de um edifício “neo-liberal” (que é o segmento de mercado vago á direita), da possibilidade de redimensionar esse segmento de mercado, ampliando-o, e da capacidade e possibilidade políticas para afirmar - na oposição ou, de futuro, eventualmente no governo – essa alternativa. Tudo o resto são consequências...

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