quinta-feira, junho 21, 2007

A OPA sobre o "meu" Benfica (3)

Em alguns clubes de futebol profissional, ou em algumas SAD’s (e estou a referir-me ao Sport Lisboa e Benfica em particular, mas sem querer, longe disso, ser exaustivo), o objectivo do negócio não parece ser criar valor para os seus accionistas através do aumento das receitas e da valorização dos seus activos, quer através da formação de equipas ganhadoras que levem mais gente ao estádio ou produzam espectáculos mais caros e com receitas de TV acrescidas (os da "Champions League", por exemplo), quer através da realização de receitas extraordinárias com a venda no momento correcto do passe de jogadores por si formados ou valorizados, mas, isso sim, centrar-se nos fluxos financeiros gerados pela compra e venda dos passes de jogadores e, desse modo, nos proventos que daí possam advir para quem neles interfere e os dirige. Só deste modo se podem entender algumas decisões de gestão.

Tal determina que alguns accionistas principais das SAD (do SLB, em particular – e excluo daqui os adeptos que compram umas dezenas, centenas ou poucos milhares de acções por “clubismo”) o sejam não por esperarem uma valorização das suas acções no mercado, mas para, desse modo, terem acesso directo à gestão e direcção do clube e, assim, poderem interferir no negócio das transferências, realizando aí, e não em Bolsa, as suas mais-valias sobre o capital investido. Normalmente, acrescente-se, com proveitos acrescidos. Isto tem conduzido em alguns clubes (uma vez mais tenho em mente o SLB) a uma deterioração da sua gestão, com especial reflexo na ausência de definição de uma estratégia adequada e rigorosa de recursos humanos e, logo, também com reflexo nos resultados desportivos alcançados, com a subsequente diminuição do valor dos activos ou sua não rentabilização.

A OPA sobre o Sport Lisboa e Benfica vinda de alguém – como Joe Berardo - conhecido pelos seus bem conseguidos negócios com activos financeiros e, principalmente, as declarações sobre o facto de não se querer envolver directamente na gestão do futebol é por isso muito positiva. Mais do que isso, é algo muito desejável num sector de actividade que tarda em modernizar-se e tem sobrevivido, apenas, fruto de um enorme apoio estatal...

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