sexta-feira, junho 22, 2007

Modelo de desenvolvimento, mercado ibérico, TGV, financiamento, aeroporto e o que mais adiante se verá...

A integração de Portugal no mercado ibérico, formando um mercado mais vasto em conjunto com as nacionalidades de Espanha e independentemente do que se vier a passar no que refere o futuro político da Catalunha, País Basco, etc, torna absolutamente imprescindível a ligação de Portugal à rede espanhola de alta velocidade, formada em estrela e centralizada em Madrid. Melhor dito, torna indispensável a ligação directa entre a maior cidade portuguesa (Lisboa) e a maior cidade da península e seu centro geográfico e económico (Madrid), ela própria já ligada ou em vias de se ligar a Sevilha, Barcelona, Valência etc. A península – ou melhor, o mercado ibérico – ficará assim dotado de uma rede de alta velocidade centralizada em Madrid e ligando as suas principais cidades distanciadas do centro entre 500 e 700 Km (”mais Km, menos Km), com no máximo duas ou três paragens intermédias, situação para a qual o comboio de alta velocidade (TGV) se tem revelado uma solução competitiva com as ligações aéreas. Este sistema é completado por um conjunto de aeroportos internacionais “regionais” localizados nas principais cidades, com o hub peninsular situado em Barajas, o que não exclui que alguns deles, como Lisboa e Barcelona, não apresentem elevado movimento internacional e possam ser base de voos intercontinentais destinados fundamentalmente a servir os seus interesses enquanto região bem como clientelas locais. Esquecer esta estrutura e a sua lógica de funcionamento, ou pretender alterá-la significativamente, é um erro fruto de voluntarismo e não de uma análise correcta da realidade e das perspectivas futuras que se apresentam, mesmo apesar das incógnitas que possam ainda oferecer algumas das suas variáveis. É este cenário que está na base da opção Portela+1. É também ele que impõe o investimento de 2.5 mil milhões de euros na linha de TGV Lisboa-Madrid (Caia), ligando o centro da península à única cidade portuguesa com dimensão ibérica .

Já me parece completamente despropositado e fora deste modelo o investimento de 4.5 milhões de euros (quase o dobro do investimento na linha Lisboa-Caia!!!) na linha Lisboa-Porto, distanciadas apenas 300 Km e, actualmente, 2.45 h por comboio pendular, tempo que pode ser encurtado (até duas horas e quinze?) através da intervenção na infra-estrutura existente o que tornaria o comboio perfeitamente competitivo com o avião. Investir 4.5 milhões de euros para poupar ½ hora num trajecto entre as duas cidades ou transformar a rede de alta velocidade numa rede regional de caminhos de ferro é um erro estratégico grave. Este é o modelo megalómano “grande plataforma litorar” da península e hub aeroportuário na Ota, para competir com Madrid, com TGV internacional a ligar-se à linha interna de alta velocidade formando o “tal” “T” parece que entretanto já alterado(?). Não tem qualquer consonância com a realidade e é destinado ao fracasso. De si próprio e do país.

PS. A propósito do modelo de financiamento: Quero ter uma mansão. Não preciso, mas pronto: acho giro! Como já passei dos cinquenta e não tenho dinheiro para tal, vou pedir ao construtor que a faça e, quando eu morrer ou for já velho, a cobre aos meus filhos e netos... Não é uma boa ideia? Para mim é, claro! Eles é que, mesmo herdando a dita mansão que não lhes fará falta alguma, talvez não venham a achar lá muita graça!!! O PSD também não acha... Com razão!

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