segunda-feira, junho 04, 2007

Futebol, Rui Santos e as "teorias da conspiração"

A SIC, cujo registo em matéria de programas desportivos não é nada do qual a estação de Carnaxide se possa orgulhar, desde os tempos tablóides do caso “Paula” e de Cinha Jardim como comentadora a ser insultada em público por um Eduardo Barroso a atirar para o cabotino, até ao inenarrável “Dia Seguinte” em que três juristas do sistema futebolístico tentam discordar no que não tem grande importância para fingirem não estar de acordo naquilo que realmente importa, dedica agora uma hora da SIC- Notícias, ao domingo á noite, a um exercício de exposição pública de teorias da conspiração, especulações avulsas e maquinações várias que, a levar a sério Rui Santos (sobrinho e herdeiro do ex-chefe de redação de “A Bola” Vitor Santos e amigo de Carlos Queiroz), estariam, quais Zandingas e dentes de alho da era pós Oliveira, na origem de tudo aquilo que acontece no futebol português. No meio da sua análise, não esquece as suas bestas negras de estimação, adivinhem lá, a FPF, Gilberto Madaíl e Luís Filipe Scolari - et pour cause...

Claro que nada se prova, tudo fica no ar qual suspeição e jogos de bastidores insondáveis, ou sondáveis apenas com recurso a fontes exclusivas e privilegiadas (tipo, a little bird has told me), são a argumentação dominante, mesmo quando seria fácil indagar e concluir de outro modo. Querem um exemplo? Ontem, deixou-se no ar a suspeita sobre as razões que levariam a selecção nacional a disputar, neste fim de época, um jogo no Kuwait para o qual, de facto, não se vê qualquer utilidade desportiva; e a suspeita seriam as ligações de Scolari ao Kuwait, onde exerceu actividade profissional. Rui Santos chegou mesmo a afirmar, por via disso, que Madaíl e a FPF estariam sob o domínio e controle do seleccionador nacional. Hoje, abre-se o “Público” e conclui-se “preto no branco” que as razões são uma receita de 1.5 milhões de euros e nada de especialmente obscuro. Presumindo que também os jogadores irão disso beneficiar e que estão em véspera de ir para férias (excepção para Deco, Duda e Andrade), digamos que nada mau...

“Tempo Extra” é pois mais um mau exemplo de programa sobre futebol, tal como tantos outros que a SIC (e não só) nos tem “oferecido” e estão na origem do olhar de desprezo a que tantos votam o género. E não tem necessariamente de ser assim... Querem também um exemplo? Algumas das interessantes análises de Luís Freitas Lobo e Paulo Sousa sobre o futebol que se joga dentro das quatro linhas e as não menos interessantes observações de Camilo Lourenço sobre a gestão dos clubes e a actividade económica do sector. É na RTPN, às quintas-feiras, e é o único a merecer que por lá se passe de vez em quando.

Sem comentários: