domingo, janeiro 28, 2007

Michel Platini e a UEFA

Contrariamente ao que diz Luís Sobral, não estou convencido que a eleição de Michel Platini para presidente da UEFA seja uma boa notícia. As suas “propostas bandeira”, que certamente estiveram na base da sua eleição, não só me parecem não contribuir para resolver nenhum dos problemas fundamentais do futebol europeu, como se me afiguram puramente eleitoralistas, no sentido apenas de agradar às pequenas federações e assim assegurar os seus votos. Em primeiro lugar, não penso traga nada de positivo a redução a um máximo de três clubes por federação a participação na “Champions League”, talvez o maior sucesso da UEFA nos últimos anos. Antes pelo contrário, vai afastar alguns grandes clubes pertencentes às principais ligas, diminuindo a competitividade e interesse desportivo e financeiro da “Champions”. Em segundo lugar e só por si, a entrada na taça UEFA de mais três ou quatro equipas das principais ligas não vai resolver o problema do relativo falhanço desta competição, que necessita de uma remodelação mais profunda acabando com os desinteressantes, por pouco competitivos, grupos de cinco equipas para apurar três, a questão fundamental a curto prazo. No mesmo sentido vai a proposta de aumentar o número de selecções finalistas do Europeu (que não estou recordado se vem já da presidência anterior), retirando competitividade a mais uma competição de sucesso e tornando a fase de apuramento um passeio para as principais selecções. Parecem-me mexidas a mais onde tudo está bem (muito bem mesmo), devendo, isso sim, a UEFA centrar as suas atenções e energias naquilo que são, de facto, os verdadeiros key issues: resolver o problema da falta de competitividade e de sucesso financeiro da taça UEFA, e encarar de frente a hipótese de fusão de algumas ligas mais pequenas (i.e. Benelux ou Balcãs) ou mesmo a sua absorção por ligas mais importantes (Escócia por Inglaterra ou Portugal por Espanha, por exemplo), resolvendo o problema da sua competitividade e solvabilidade financeira e contribuindo assim, a prazo e de modo indirecto, para a resolução do mesmo problema a nível da taça UEFA.

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