quarta-feira, janeiro 10, 2007

História(s) da Música Popular (25)









Em cima: Françoise Hardy "Le Premier Bonheur Du Jour"
Em baixo: Sylvie Vartan "La Plus Belle Pour Aller Danser"

"Yé-Yé"

O chamado movimento “yé-yé” (a expressão não é mais do que uma evolução do “oh yes lord” dos gospel), que também teve os seus reflexos em Portugal, como vimos, desenvolveu-se em França como sequela europeia do rock and roll, mas, principalmente, do seu refluxo na época dos teenage idols. E se ele começou sob forte influência do r&r, com grande proeminência de um tal Jean-Philippe Smet que passou à História com o nome de Johnny Hallyday, arquétipo do rebelde com ou sem causa, cedo ”assentou” e tomou juízo, conquistando os filhos das classes médias urbanas e mantendo-se nos limites da contestação “saudável”. Ingénua. É o início de uma nova cultura urbana, com novos valores e imagens (dos quais a revista “Salut Les Copains” se faz eco e foi catalizador); novas ambições numa Europa em crescimento económico acelerado. Novos padrões estéticos, também. Ser “yé-yé” é sinónimo de ser moderno, criar, na mesma sociedade que apenas se pretende alterar em alguns dos seus símbolos e comportamentos mais evidentes e ultrapassados, uma ruptura com alguns modelos anteriores à WWII que se prolongaram pelos anos cinquenta. Aliás, uma das razões do seu êxito em Portugal, em tempos de ditadura e de conservadorismo retrógrados, foi mesmo esse: o facto de ser um movimento urbano assimilável, de classe média, sem quaisquer conotações políticas evidentes. Também, claro está, a sua relativa inocência e até mesmo candura, tornando-o mais ao menos inócuo aos olhos do regime.

Mas voltemos a França. E se Johnny Hallyday cedo acalmou, cedo também cedeu a primazia a outros jovens bem melhor comportados. Entre eles, apesar de Claude François, Sheila, etc, a liderança vai indiscutivelmente para Françoise Hardy e Sylvie Vartan, com características e carreiras futuras bem diferentes mas que rivalizavam em popularidade e no coração dos “fans”.

Directo ao assunto, and to make it short que o assunto não merece grandes desenvolvimentos. Sylvie Vartan nasceu na Bulgária, em 1944, filha do adido de imprensa da embaixada francesa. Certamente com o “alto” patrocínio de
“Salut Les Copains”, casa, em 1965, com Johnny Hallyday. É o romance de “conto de fadas”: o “rei do rock” e a “rainha do yé-yé”. Nesse mesmo ano actua em Portugal e repetirá a dose em 1967. O casamento irá durar pouco, mas também não era isso que interessava, e a carreira (adivinharam) entra em decadência com a “dita” “british invasion”. Acho que, tal como outros, “continua por aí”, mas isso não é importante.

Françoise Hardy nasce no mesmo ano, parisiense de gema. É mais intimista e intelectual, com uma imagem e tipo de beleza mais “nouvelle vague”, e os seus êxitos não são, ao contrário dos de Sylvie, constituídos maioritariamente por covers de originais americanos. “Tout Les Garçons Et Les Filles” , em 1962, é o seu disco de lançamento vendendo dois milhões de exemplares. Continua activa, com alguns discos muito bem recebidos pela crítica.

Pela primeira vez, decidimos usar o vídeo, neste "História(s)..., recorrendo ao “You Tube”. E a decisão não é gratuita, já que a imagem é, neste caso, importante para se entender o que se passa. No caso de Sylvie escolhemos “La Plus Belle Pour Aller Dancer”, da banda sonora do filme “Cherchez l’Idol”, resposta francesa aos filmes de Presley e Frankie Avalon/Anette Funicello. Para Françoise, “Le Premier Bonheur Du Jour”, cantado numa ida ao Sacha Distel (foi marido de BB) show. Pois, meus caros, depois de verem e ouvirem, digam lá que o vosso coração ainda não se partiu?

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